Uma imagem forte, que transmita todas as mensagens-chave, que inspire e provoque, mas que seja, acima de tudo, simples: é isso que um bom logotipo deve ser. Só que, claro, a missão não é nada fácil.
São estudos minuciosos sobre formas e símbolos que passam por uma etapa fundamental: a seleção das cores. Porque toda a marca tem que ter sua cor, ou cores que a caracterizam. Por exemplo, todo mundo sabe que o logo da Coca-Cola é vermelho e que o do Google é vermelho, azul, verde e amarelo. Provavelmente, nos dois casos, a escolha passou pelas percepções que cada cor transmite, sendo o vermelho puro da Coca, algo conectado à paixão e fortes emoções, energia e vigor. No caso das cores do Google, são as primárias, que incitam simplicidade e totalidade (são as cores básicas, que formam todas as outras cores) unidas ao verde (no L), para deixar claro que a empresa não segue regras e não se fecha em grupos (nem o das cores primárias).
Existem também formas de associar uma marca a uma cor, independente das cores do logo. É o caso do Itaú, que tem o logo azul e amarelo, mas é reconhecido pelo seu tradicional laranja. Ou do Guaraná Antarctica, logo vermelho e branco, mas com o verde como cor oficial. Isso pode ser explicado quando as mensagens que a marca quer passar precisam ser independentes das cores que o logo tem.
Ainda com a preocupação de passar a mensagem certa, coerente com o contexto atual, uma tendência que tem acontecido com frequência é a adoção de um segundo logotipo, com uma mudança radical de cor. Por exemplo, o McDonald’s. Desde que surgiu, seu logo foi vermelho e amarelo e ponto. Mas agora, de repente, a marca apareceu em versões de preto ou branco, sem o vermelho. Não que eles tenham abandonado o padrão inicial, mas provavelmente, a novidade é uma alternativa para deixar sua imagem mais clean, associada a uma comida mais saudável – que é uma das maiores críticas que a rede recebe.
Algo parecido ocorre com mudanças temporárias de cor de logo, quando são lançadas versões limitadas do produto para chamar a atenção de algum fato ou evento. O Google, por exemplo, lança quase que diariamente versões comemorativas dos seus logos, os famosos doodles. A Coca-Cola também tem alguns casos. A marca teve que se adaptar em preto e branco para entrar no estádio do Grêmio, sem fazer referência ao maior rival do time gaúcho, o Internacional, que é vermelho. Esse foi um caso muito bem sucedido, porque ganhou a simpatia de metade do Rio Grande do Sul.
Mas mesmo a Coca-Cola está passível de erros…
Para comemorar a Copa das Confederações no país, a marca lançou latinhas com as cores da bandeira brasileira – amarela, verde e azul. A ação chamou a atenção de todos, inclusive por ser a primeira vez na história que a Coca modificava as cores da latinha por aqui. Mas como já falamos, toda criação é resultado de um estudo profundo que deve levar em consideração centenas de fatores até chegar à imagem final. E parece que a Coca-Cola, mesmo com inúmeros casos de sucesso de Branding pelo mundo, nessa ação, não levou em consideração um fator crucial: sua própria concorrência. O deslize foi prontamente percebido e divulgado massivamente, o que transformou a iniciativa para a Copa das Confederações em um verdadeiro tiro no pé.
Com a repercussão, a Pepsi aumentou a provocação e oficializou a imagem na sua fanpage do Facebook. A Coca-Cola tentou responder e foi iniciada uma boa discussão entre as duas marcas nas redes sociais.
Mas está valendo. Talvez seja exatamente por se aventurar, que a Coca-Cola é líder em criar uma boa imagem, lançando mudanças que constantemente despertam interesse e mantêm o relacionamento com seu público sempre surpreendente. E é esse o segredo.
Douglas Vidal
Muito bom artigo, as cores são realmente um item fundamental pra comunicação e identidade da marca. Adorei o case da Coca x Pepsi, são sempre provocativos e criativos pra nosso deleite.