“Até que ponto o informar altera o informado, o conhecer modifica o conhecido, e o produzir impacta em tudo o que é produzido?” (Cláudio Starec)

Partir do pressuposto que estamos imersos nesse universo complexo, em rede, fractal, enfim, onde todos estão interligados de alguma maneira e por nós que se intercomunicam é a base de qualquer análise. Ultimamente, o tema da inovação e como ela acontece têm chamado muito a minha atenção. Em resumo, existem dois tipos básicos de inovação, as radicais, que são ruptivas, ou seja, acarretam grandes mudanças e descontinuidades, e as incrementais, que envolvem diversas pequenas melhorias nas existentes.

As funções básicas das atividades de Inteligência Competitiva em ação nas organizações são:

1) Acompanhar tendências de negócios;

2) Identificar novas oportunidades;

 3) Evitar ameaças competitivas.

Dessa forma, monitorar as tendências das inovações, sejam elas, radicais ou incrementais, está no core das atividades de Inteligência Competitiva. O prof. Starec afirma que, “quanto mais competitivo for o mercado, maior a necessidade de se avaliar o ambiente de negócios de forma mais detalhada e cuidadosa. É aí que entra a Inteligência Competitiva, como um radar que serve para monitorar constantemente o mercado”.

As inovações não surgem isoladas, elas são decorrência de ambientes propícios, ou clusters, são sistêmicas por natureza e não eventos isolados. É uma interdependência econômica e tecnológica sistêmica que deu origem aos efeitos de captura, ou “lock-in” de cada um dos estilos dominantes de tecnologia (Freeman & Soete, 2008). Os departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) são peças fundamentais no jogo concorrencial. Porém há um grande paradoxo neste ponto, pois as organizações planejam os investimentos com precisão semi-milimétrica, e nas atividades de pesquisa, há o elemento surpresa que age de forma elementar, e faz com que a área de Pesquisa e Desenvolvimento seja encarada como um campo onde as forças políticas internas atuam, e ocorra o jogo do poder.

Muitas das inovações que temos disponíveis atualmente foram fruto do período posterior à Segunda Grande Guerra – conhecido como Guerra Fria. A inovação (complexo militar-industrial – aeronáutica/telecomunicacional/nuclear/eletrônica) foi fundamental no embate dos sistemas políticos e econômicos antagônicos de outrora. Muita coisa mudou desde a queda do muro, onde um sistema saiu vitorioso, mas não sem sequelas. O eixo da matriz manufatureira foi paulatinamente transferido para a Ásia, onde há matérias-primas e mão-de-obra abundante, e consequentemente barata, sem obliterar o sistema político autoritário e indutor de desenvolvimento. As empresas do ocidente despertaram e alimentaram muito bem o dragão. E bem nutrido, ele se movimenta na direção de seus padrinhos. Como monitorar, no caso industrial e de desenvolvimento tecnológico essas empresas que partilham o mesmo mercado mundial?

A atividade de monitoramento interno num mesmo país já é, por si só, uma atividade hercúlea. A inovação deve ser encarada e constantemente induzida por incentivos governamentais. No jogo de forças no mercado mundial deve-se buscar alianças estratégicas entre os players envolvidos. Os países poderiam ser medidos pela capacidade de criação de inovações radicais. Nesse ponto, a capacidade geopolítica de uma determinada nação conta muito, mas não explica por si só. Alguns países comprovam isso, Suíça, Israel, Coréia do Sul, países nórdicos. É complexa a relação entre políticas governamentais, organização privadas, instituições de ensino, centros de pesquisa etc.

Cada unidade federativa carrega uma história particular, ao mesmo tempo que está imbricada na história do todo – a parte está no todo, o todo está na parte. Compreender essas dinâmicas/interações é o famoso X da questão. O princípio básico de toda análise é que sabemos como ela pode começar, mas os resultados são imprevisíveis. De onde virão as inovações que mudarão completamente a forma como vivenciamos nossa existência no mundo? Vou continuar com essas provocações nas próximas postagens.

Apoio bibliográfico:
Chris Freeman & Luc Soete. A economia da Inovação Industrial. Campinas: Editora UNICAMP, 2008.
Cláudio Starec (org.). Gestão da Informação, Inovação e Inteligência Competitiva. São Paulo: Ed. Saraiva, 2012

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1 comment

  1. Eliane Lages da Silveira

    Ótima análise sobre inovação, Luis! Aprendi muito sobre a origem do conceito e a importância dela na história mundial. Continue provocando nossas reflexões com posts como esse!

    Abraços, Eliane Lages.