No último dia 23/11, marcou a 2ª tentativa de realização da “Black Friday”, no Brasil numa tentativa de reedição da tradicional Black Friday americana sempre na sexta-feira após o Dia de Ação de Graças (Thanks Giving), que para a cultura americana chega a ser mais importante do que o Natal.
Lá, as lojas físicas e eletrônicas praticam preços com descontos agressivos e os clientes dormem na frente das lojas, invadem simplesmente as lojas assim que as portas se abrem e chegam a brigar pelas últimas peças dos produtos.
A tentativa de Black Friday brasileira em sua segunda edição, teve a adesão de grande parte dos varejistas eletrônicos e alguns varejistas tradicionais. O problema é que com algumas denúncias de maquiagem de descontos realizadas no PROCON por alguns clientes, a validade dessa “nova data” comercial no Brasil fica em xeque.
A denúncia mais comum entre as que chegaram ao órgão de proteção aos consumidores é a de maquiagem de preços para a aplicação de descontos. Ou seja, algumas lojas aumentam os preços dos produtos um pouco antes da Black Friday , e aplicam os descontos prometidos, porém, como esse aumento, os preços ficam iguais ao preços praticados anteriormente.
Numa era em que o consumidor está cada vez mais antenado e informado, a opinião desse humilde colunista é que se realmente isso acontece, é uma mostra de amadorismo sem igual.
Será mesmo que ainda existem profissionais das áreas de Marketing e Comercial que acham que os clientes são tão mal informados assim? Pior.. será que não medem o impacto desse tipo de atitude para com o valor de suas marcas e consequências no volume de vendas e lucratividade futuros?
Estranho ainda termos coisas dessa forma acontecendo…
Mas.. o que há de errado com a Black Friday brasileira?
Back To The Basics
O Back To The Basics de hoje, estuda a relação da Black Friday brasileira, com os manuais de Planejamento de Marketing.
No Planejamento de Marketing, há de analisar a influência do ambiente externo da empresa e sua influência em consumidores, produtos e serviços. Logo, devem ser realizadas análises dos Ambientes : Econômico, Político, Cultural, Tecnológico, Mercado e Concorrência em busca de oportunidades e ameaças para que em conjunto com uma análise de Forças e Fraquezas, a Análise SWOT seja realizada e os objetivos de Marketing das organizações seja delimitados. Obviamente que para validar todas essas análises, uma Pesquisa de Mercado é item obrigatório.
Bem, pensando na Black Friday brasileira, creio que a análise do Ambiente Cultural deve ter sido um tanto quanto negligenciada.
A cultura comercial brasileira dá muito mais importância ao Natal do que a qualquer outra data durante o ano. O Feriado de Ações de Graças simplesmente não é celebrado em terras tupiniquins. Ou seja, qual é a oportunidade cultural de uma Black Friday brasileira? Sinceramente, não sei a resposta!
Diferentemente dos Dias das Mães, Namorados, Pais e Crianças, que possuem apelo cultural gigantesco, a Black Friday brasileira não possui esse apelo, pois para cultura brasileira é uma sexta-feira qualquer.
Juntando isso com a maquiagem de preços denunciada pelos consumidores, faz com que essa data comercial tenha sua continuidade ameaçada, caso não sejam encontrados apelos culturais convincentes aos brasileiros e que os preços e descontos oferecidos sejam realmente praticados.
Não que seja impossível emplacar a Black Friday no Brasil. Porém há de realizar o Planejamento e análise do Ambiente Cultural de forma eficiente, para que os clientes observem as vantagens de comprar em data tão emblemática.
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A tempo agradecer a todos aqueles que fizeram o Projeto Implantando Marketing , que pelo segundo ano consecutivo, ser TOP 3 no prêmio TOP BLOG BRASIL.
Graças ao trabalho de todos os envolvidos com o Blog e seus outros canais (Twitter, Linkedin,Facebook, etc), bem como de todos os leitores é que podemos chegar a tal reconhecimento.
Agradeço a você leitor e a todos os companheiros de Projeto pela oportunidade de fazer parte da equipe e a contribuir no desenvolvimento das Áreas de Marketing e Comunicação no país.
Até a Próxima!
Priscila Stuani
Clayton,
Acho que vi mais piadinhas sobre o BF brasileiro do que “promoções” de produtos em si.
Concordo contigo que o planejamento é fundamental e necessário, mas que na prática não é bem assim que funciona…
Clayton Alves Cunha
Priscila,
Obrigado pelo comentário.
[]’s
Clayton Cunha.
Fabio Passerini
Olá Clayton,
O mercado brasileiro ainda apresenta pouca maturidade, com consumidores inexperientes, altamente influenciáveis por promoções, mesmo irreais, com baixo conhecimento financeiro e pouca capacidade de planejamento. Desta forma, ações de descontos supostamente agressivas, como Black Friday ou compras coletivas tendem a fazer sucesso temporário.
Nosso trabalho, como gestores de marketing, é levar cada vez mais campanhas de qualidade, ensinando os consumidores conceitos relevantes de mercado, finanças e endividamento, além da real capacidade de diferenciação ente produtos e serviços.
Ótimo artigo!
Fabio Paserini
Clayton Alves Cunha
Fábio,
Obrigado pelo comentário!
Concordo plenamento contigo!
[]’s
Clayton Cunha
Rafaela - Tudo em Foco
Não sei se o Black Friday está ameaçado no Brasil, mas que aqui foi uma fraude, isso é verdade. Aconteceram maquiagem de preços, problemas em sites (que pararam de funcionar) e com certeza vai haver reclamações quanto à entrega dos produtos. Acho a ideia bem bacana e, apesar de não ser cultural no Brasil, penso que a Black Friday pode emplacar. Mas isso não quer dizer que o consumidor possa ser enganado. Ou as empresas mudam suas estratégias de marketing ou elas estão fadadas ao “insucesso”.
Clayton Alves Cunha
Rafaela,
Obrigado pelo comentário!
[]’s
Clayton Cunha.
Janaina_Moura
Fiasco total essa promoção. Tudo bem que o BF não faz parte da cultural comercial do Brasil, mas maquiar preço traz à tona uma prática já questionada por aqui.
Clayton Alves Cunha
Janaína,
Obrigado pelo Comentário!
[]’s
Clayton Cunha.
@AndreVarga
A iniciativa de se criar uma “nova data” para o Varejo sempre é válida. Mesmo sem ter o mesmo sentido/origem que nos EUA, a finalidade no fim é o mesmo: Vender.
O mesmo acontece aqui com o Natal, Mães, Namorados, Páscoa, Crianças, etc.
Valem até adaptações: Dia dos Namorados, p.ex. que na maioria dos Países é no Dia de São Valetim (14/Fev) e aqui no Brasil ficou em 12/Jun (véspera do dia de Sto. Antonio, o “casamenteiro”).
No final, independentemente do sentido/origem, a finalidade é uma e apenas uma: Vender.
Ou alguém ainda acredita em Papai-noel e neve nos trópicos? Acho que não, certo? :)
Pois bem. O grande problema da BF no Brasil está exatamente no que o Clayton ressalta: a falta de Planejamento e pior, na Execução mal-feita.
Bem planejada e executada com disciplina, qualquer ‘Black Friday’, ‘Blue Monday’ ou qq Dia de qq cor vai funcionar.
Se tem algum aspecto cultural do BF brasileiro que não o faz funcionar talvez nossa cultura local de não-planejar. Aí sim, concordo 100% que o fracasso do BF brasileiro seja cultural.
Mas reitero, planejando e executando com disciplina, tem muito como dar certo. Até pq a data fica próxima do Natal, os consumidores podem comprar aqueles presentes mais caros com bons descontos, os varejistas conseguem “limpar estoques” para abastecerem-se para o Natal e os fabricantes conseguem tirar os produtos em fim de vida das prateleiras para facilitar introduzir os lançamentos.
Resumindo, entendo que BF é excelente oportunidade sim. Mas sem Planejamento e Execução… nem churrasquinho com futebol de solteiros vs casados sai direito. Não?
Abraços e $uce$$io a todos! :)
Clayton Alves Cunha
André,
Obrigado pelo comentário amigão!
[]’s
Clayton Cunha.
Luis Paulo
Creio que a existência de uma sociedade em promoção revela o que muitos de nós já sabemos, a produção é muito mais eficiente que o consumo. Há um forte desequilíbrio na relação metabólica. Otimizamos a produção, mas o consumo esbarra nas rugosidades da matéria. Mesmo as táticas de obsolescência programada não são suficientes para alterar este desequilíbrio permanente, que pressiona os recursos naturais e a própria sobrevivência da espécie humana. Temos que ficar atentos para que estas e outras datas não criem relações viciosas no varejo. Do ponto de vista friamente geopolítico, estamos apenas desovando produtos chineses (de qualidade duvidosa) nos lares tupiniquins.