Imagine uma nova forma de viver experiências e compartilhar o que você tem de melhor. Um lugar onde possa adquirir conhecimento com o seu tempo livre, um movimento que acredita na colaboração como forma de revolucionar a ideia de valor, aproximando pessoas por meio do compartilhamento de interesses. Esse é o Bliive!
Lançado em 2012 pela brasileira Lorrana Scarpioni, de apenas 23 anos de idade, a rede soma hoje a marca de 118.008 horas de experiência compartilhadas e possui mais de 150 mil usuários cadastrados. Inspirada por documentários sobre economia alternativa e colaboração online, a jovem empresária tinha dois conceitos em sua cabeça: troca de tempo e ajuda mútua. Com o cruzamento destas ideias, surgiu o Bliive – uma rede colaborativa de troca de tempo.
A plataforma digital gera interação entre seus membros na forma de um tipo de escambo. Ao se cadastrar, o usuário precisa oferecer algum tipo de serviço, como por exemplo, uma aula de guitarra. Pela hora oferecida irá receber um “TimeMoney”, moeda de troca da rede. Com os seus créditos de “TimeMoney” o usuário pode comprar qualquer experiência oferecida pelos demais usuários a sua escolha.
Os membros da rede social também podem conceder seu tempo livre para as ONG’s. Segundo Lorrana, a ideia é valorizar todas as atividades das pessoas, não importa o que elas têm para oferecer, já que o valor da hora é igual para qualquer atividade oferecida. O que realmente importa é o compartilhamento, colaboração e a troca de experiências.
Para Lorrana, por mais que precisemos de dinheiro, ele não é a única solução ou meio para fazer as coisas acontecerem. Numa cultura que prega o individualismo e a competição, o Bliive promete impactar as pessoas e empresas no sentido de repensarmos a maneira como vivemos.
A troca é a forma mais antiga de interação social e por meio do compartilhamento de conhecimento, opiniões e experiências, nos sentimos vivos. Assim, mostrando a importância que existe em cada experiência cotidiana, em cada conhecimento compartilhado ou naquele pequeno talento utilizado, podemos realizar grandes coisas e mostrar ao mundo que todos têm o seu valor.
Os países onde a rede tem feito mais sucesso são Brasil, Portugal, Estados Unidos e Reino Unido. Hoje mais de 90 mil serviços já estão em oferta no site, o que torna o Bliive maior do que outros sites baseados na economia do escambo, como Swapaskill.com, BabySitter Exchange e ChoreSwap.
Os serviços mais populares têm sido aulas de música, culinária e tecnologia, mas também é possível encontrar ofertas inusitadas como aulas de coreografia de Single Ladies, da Beyoncé, de como pular corda como Rock Balboa e, até quem ofereça uma opinião imparcial sobre uma situação problema.
O Bliive também já recebeu vários prêmios, entre eles estão Hub Fellowship, Creative Business Cup Brasil, Jovens Inspiradores da Revista Veja, Intel Challenge Brasil, Sirius Programme. A idealizadora, Lorrana Scarpioni foi eleita em 2014, pela revista de inovação MIT (Massachusetts Institute of Technology) um dos dez brasileiros mais inovadores com menos de 35 anos.
Agora a meta é avançar rumo ao mercado europeu onde há mais pessoas familiarizadas com a economia compartilhada – uma pesquisa apontou que mais de 30% dos britânicos já usaram serviços desse tipo. Além disso, o Bliive também busca um modelo ideal de financiamento, já que a empresa não vende publicidade e a maior parte dos fundos até agora veio de investidores atraídos pelo potencial da empresa.
Na busca de recursos, a plataforma passou a oferecer um serviço para clientes corporativos, em que empresas interessadas pagam cerca de R$ 15 mensais por trabalhador, e seus funcionários passam a poder trocar serviços pessoais ou profissionais. A ideia é a de conectar as empresas com seus próprios talentos, ao invés de contratarem coaching ou treinamentos terceirizados. Um dos primeiros clientes foi um call center com 35 mil empregados.
A plataforma digital também possui um escritório em Londres, com auxílio do Sirius, um programa britânico de aceleração de start-ups inovadoras pelo mundo. Na mira da Bliive também estão oportunidades em países como Grécia e Espanha, em que o desemprego é alto entre jovens e há mais escassez de euros para bancar serviços.
Enquanto a premiada start-up brasileira trabalha para se tornar mais lucrativa, a idealizadora do projeto se esforça para manter os valores que ancoram a iniciativa. O real intuito é criar um novo jeito de pensar, uma economia colaborativa, sustentável e baseada no pressuposto real de valor. Assim, poderemos voltar a ser seres humanos sociais, que são mais felizes quando se sentem úteis e parte do todo.