Como está a sua qualidade de vida no trabalho? Um convite a reflexão.

Como profissional de marketing tenho tido experiências não muito agradáveis e senti vontade escrever sobre isso. Percebo como a nossa profissão está cada vez mais desvalorizada. O seu valor surge apenas quando as empresas precisam de um profissional da área para alavancar as vendas que estão fracas (quando não possuem um departamento de marketing) ou gerir uma crise. Nestes casos, você tem uma importância incrível, mas e depois disso? 

Em um grande número de empresas, quando tudo está bem, você acaba por não receber o devido crédito pelas estratégias de marketing (online e off-line) que desenvolve. Muitos esquecem que um trabalho de marketing bem feito é como um trabalho de formiguinha. Leva alguns meses para que o resultado seja alcançado, afinal, trabalhamos com estratégias de curto, médio e longo prazo.

Semanas atrás, uma empresa aqui de Belo Horizonte me procurou, pela segunda ou terceira vez. No caso, a vaga agora era para gerente de marketing. Até onde eu sei, uns dois profissionais passaram por lá e não ficaram 7 meses no cargo. Alegando um mercado em crise, foi me feita uma proposta de R$ 2.000,00 reais sem benefícios. Sim, além da enorme gama de tarefas na empresa que eu teria que fazer sozinho, sem um outro colega da área, sem benefícios. Óbvio, a proposta não foi adiante. Cheguei a fazer uma contraproposta, mas não funcionou. “Trabalhamos por desempenho, se for satisfatório, poderemos chegar aos R$2.500,00.” Mesmo assim era pouco. Não vou dizer que sou um profissional caro, apenas quero viver dignamente.

Nós, profissionais, adquirimos uma experiência de anos, estudamos a ponto de acumular três, cinco especializações na área, e recebemos uma oferta que mal dá para pagar o aluguel, a alimentação, o plano de saúde ou a ida ao cinema ou ao teatro. O mercado está em crise, ok! Mas na mesma semana, participei de um processo seletivo com remuneração de R$3.500,00, com direito a plano de saúde e outros dois benefícios. Sou um dos dois candidatos que passou no processo para assumir o cargo, na segunda fase do projeto, em dois meses.

Vivemos também numa era em que a nossa geração está mais preocupada com a qualidade de vida (QVT). Acredito que foi-se o tempo em que você se sujeitava a trabalhar sete dias por semana, 24 horas por dia, com seu chefe te ligando às 2 horas da madrugada. É necessário uma pausa para descansar, sair com os amigos, reciclar a memória com leitura, com filmes…para que o ambiente de trabalho seja prazeroso e aconchegante.

De que adianta ganhar um salário quase mínimo e ficar insatisfeito, desestimulado e começar a procurar outra empresa uma semana depois? Talvez, o contratante não pense nesta questão, e não pensa na qualidade de vida que todos nós, independente da profissão, precisamos ter.

De acordo com a Diretoria Geral de Recursos Humanos, o tema “Qualidade de vida no trabalho” vem se tornando cada vez mais uma preocupação para a Administração Pública e empresas, devido a ligação que existe entre condições adequadas para realização de um trabalho e produtividade, podendo se destacar por vários itens que formam um conjunto de fatores que interferem no desempenho dos funcionários.

A QVT assimila duas posições antagônicas: a reivindicação dos empregados quanto ao bem-estar e satisfação no trabalho; e do interesse das organizações quanto aos seus efeitos potenciais sobre a produtividade e a qualidade.

A gestão da qualidade total nas organizações depende fundamentalmente da otimização do potencial humano, isto é, depende de quão bem as pessoas se sentem trabalhando na organização. A QVT qualifica em que grau os membros da organização são capazes de satisfazer suas necessidades pessoais através do seu trabalho na organização.

A QVT envolve uma constelação de fatores:

  1. A satisfação com o trabalho executado.
  2. As possibilidades de futuro na organização.
  3. O reconhecimento pelos resultados alcançados.
  4. O salário percebido.
  5. Os benefícios auferidos.
  6. O relacionamento humano dentro do grupo e da organização.
  7. O ambiente psicológico e físico de trabalho.
  8. A liberdade e responsabilidade de decidir.
  9. As possibilidades de participar.

A QVT envolve os aspectos intrínsecos (conteúdo) e extrínsecos (contextos) do cargo. Ela interfere nas atitudes pessoais e comportamentais relevantes para a produtividade individual e grupal, tais como: motivação para o trabalho, adaptabilidade, criatividade e vontade de inovar ou aceitar mudanças.

A importância das necessidades humanas varia conforme a cultura de cada indivíduo e cada organização. Portanto, a QVT não é determinada apenas pelas características individuais (necessidades, valores, expectativas) ou situacionais (estrutura organizacional, tecnologia, sistemas de recompensas, políticas internas) mas, sobretudo, pela atuação sistêmica dessas características individuais e organizacionais.

Sendo assim, por mais que a empresa consiga um profissional por este valor, ainda mais para um cargo de gerência, que é meio improvável de que fique por lá por um bom tempo, o profissional que não se sentir motivado, provavelmente cairá fora bem antes do que se pensa.

Aos profissionais de marketing, que encontram vagas de assistente com um salário de no máximo R$ 1.200,00, para desempenhar tarefas de um analista pleno, ou para um cargo de gerência com um salário que chega a ser ofensivo de tão baixo, vá por mim, ao aceitar “você estará desvalorizando todos os anos de estudo e todo o conhecimento adquirido ao longo dos anos. Não prostitua a sua profissão.” No meu caso, opto por uma vida que me dê o mínimo de alegria, satisfação e entusiasmo em qualquer tarefa que eu for desempenhar.

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