Quando eu era criança, os meses que antecediam uma Copa do Mundo eram de muita ansiedade, planejamento e trabalho; calma! Eu nunca trabalhei nem pra Fifa, nem fui vítima de trabalho escravo infantil, mas como muitos brasileiros, alguns meses antes da Copa do Mundo, eu me reunia com os vizinhos de casa no planejamento dos desenhos que seriam pintados nos muros e cada trecho da rua, e a partir daí à próxima etapa era a coleta financeira para compra das tintas, materiais, e claro, quando tudo estivesse pronto, a parte mais divertida, em um fim de semana todos os moradores se reuniam para pintar os muros, o asfalto, decorar a rua com bandeirinhas, e tudo mais que a criatividade e imaginação permitisse. Tudo isso contemplado com doces e salgados, fornecidos pelas mulheres da rua. Os homens e meninos cuidavam da pintura, as meninas da decoração da rua e ao fim do dia todos estávamos sujos, pintados de verde e amarelo, o corpo, o cabelo e, principalmente, à alma.
A partir daí era só esperar com muita ansiedade, cada vitória da seleção, para correr com orgulho nas ruas pintadas e comemorar cada jogo como uma festa, e quanto mais importante o jogo, melhor a festa e mais tarde íamos dormir. Não me lembro de muitas ações de marketing nessa época, talvez porque meu foco de atenção era outro, mas tive as garrafinhas da Coca-Cola, colecionei (e nunca completei) os álbuns de figurinha da Copa, comprava os Gibis da Turma da Mônica comemorativos.
É com certa nostalgia que me lembro de tudo isso em comparação ao clima que vivemos hoje. É claro que as manifestações são importantíssimas, o Brasil está mais politizado, e consciente de seus direitos, mas a essa altura faltam muito poucos dias para o início da Copa do Mundo no Brasil e o clima que vejo nas ruas, e em minha volta, é de medo, apatia e dúvida. Medo de possíveis atos de violência durante o evento, apatia quanto à proximidade da data e dúvida quanto à realização do evento. As ruas estão mais cinzas, as pessoas mais sérias, o clima bem menos festivo.
Sei que a Copa do Mundo vai acontecer, ou seja, #VaiTerCopa, mas o que interessa realmente para este artigo é a pergunta, #VaiTerMarketing? Porque para se pintar a rua eram preciso meses de preparação e planejamento, sei que para cada campanha e ação de marketing, foram realmente necessários muitos meses de planejamento, budget, que executados agora, geram insegurança quanto ao seu resultado positivo. Um exemplo é a campanha da Coca-Cola das garrafinhas comemorativas, até hoje não vi nenhuma, nem nas ruas, ou com meus alunos. Uma exceção à regra, é o álbum de figurinhas da Copa do Mundo da Panini, esse sim, mais uma vez se tornou uma febre, seja entre jovens e adultos, homens e mulheres, o apelo do colecionismo é mais forte e muitas lojas e shoppings se aproveitam deste momento para criar eventos de troca de figurinhas tomando carona neste sucesso.
Obviamente este artigo é baseado nas impressões em primeira pessoa do autor, somente depois do evento é que as empresas vão passar a régua e contabilizar os lucros e prejuízos de suas ações, sejam institucionais ou de produtos. Seja como for, tenho um palpite sobre o que vai acontecer, acredito que com a primeira vitória da seleção brasileira na Copa do Mundo as pessoas vão se animar e o clima de Copa tomará conta de nossas vidas e da cidade. Dessa forma, teremos um evento lindo, boas ações de marketing com ótimos resultados para consumidores e empresas e, quem sabe, o Brasil mais uma vez campeão do mundo. Não sei dizer se é um desejo ou um palpite, espero mesmo é que seja uma previsão. Bom evento para todos.
Flavio
Boa tarde meus caros colega!
Concordo, hoje em dia não vemos mais a febre de quando éramos criança e acho que algumas lojas estão desanimadas, pois não velho tantas propagandas nas ruas, exceto na mídia televisiva. Quando corto caminho para meu trabalho e passo por algumas periferias na Zona Norte te São Paulo, não vejo ruas pintadas e fitas nos postes como a alguns anos atrás que “vazia parte da cultura da Copa”. Vai ter copa e espero que o Brasil vai bem porem, será que o investimento em publicidade terá retorno Douglas?
Fabrícia Figueiró
Excelente reflexão Douglas!