Você nasceu criativo? Acredita nisso?
Eu acredito.
Nascemos criativos sim. Mas ao longo da vida nossa criatividade vai sendo massacrada por várias situações, ambientes, escolas, trabalho, família, pessoas…
Já dizia o meu guru e grande educador Sir Ken Robinson, um dos maiores especialistas internacionais em desenvolvimento da criatividade, que deixamos de ser criativos ao crescer: “As crianças arriscam, improvisam, não têm medo de errar. Não que errar seja sinal de criatividade, mas está claro que não se pode inovar se não se está disposto a errar, e nós adultos penalizamos o erro, o estigmatizamos na escola e na educação; e é dessa forma que as crianças se afastam de sua capacidade criadora”.
Para Petra Maria Pérez, professora de Teoria da Educação e membro do Instituto de Criatividade e Inovações Educacionais da Universidade de Valença, Espanha: “Existem numerosos estudos que assinalam que a criatividade das crianças decresce com os anos de permanência no sistema educacional, de forma que, com o tempo, a curiosidade e a busca criativa cedem lugar a comportamentos mais rígidos e inflexíveis”.
Já o poeta Ivan Teorilang afirma: “Para acessarmos a criatividade, teremos que ignorar grande parte dos processos conhecidos, passando por uma reciclagem daquilo que já existe, para finalizarmos descobrindo aquilo que irá existir”.
A verdade é que crescemos formatados e cheios de medos, anseios, traumas e bloqueios. E quando atingimos o auge dos nossos 25 anos, nosso potencial criativo atinge apenas 2% da sua capacidade total. (Fonte: Pesquisa Inovaqui). Eu fui uma vítima desse sistema. Mas eu sobrevivi.
Viver a vida de forma criativa significa trazer os nossos talentos criativos singulares para todas as áreas da nossa vida.
“Todo ser humano possui criatividade em diferentes habilidades. Acredita-se que a habilidade criativa das pessoas esteja de certa forma ligada a seus talentos. Um aspecto essencial da criatividade é não ter medo de fracassar”. (Dr. Edwin Land).
Dentro desse contexto, Gamez (p.208), em 1996, propôs (e eu sigo à risca) o seguinte:
“Olhe à sua volta. As oportunidades para exprimir a sua originalidade estão por todo o lado. Use a sua criatividade para melhorar a sua família, o seu bairro, o seu país. Convide os outros a aperceber-se dos seus respectivos potenciais criativos. Encoraje-os a usar as suas imaginações e a procurar novas maneiras de fazer as coisas. Nós precisamos de um fluxo contínuo de novas ideias e perspectivas para nos conduzir através dos complicados problemas que o mundo enfrenta hoje”.
Em uma matéria no site da revista Forbes sobre “A Criatividade Libertadora”, John Cleese, membro do Monty Python, disse: “A criatividade não tem de ser ensinada, tem de ser libertada”.
Expressamos nossa criatividade todos os dias, desde a hora em que acordamos até a hora em que adormecemos. Alguns a expressam de maneira mais intensa (como eu!), outros bem menos; e tem aqueles que não a utilizam para absolutamente nada. Mas a criatividade está conosco todo o tempo, esperando apenas ser acessada para então impulsionar as nossas ideias. Alguns autores defendem que até os sonhos são uma expressão da criatividade em ação (Gamez, 1996).
A criatividade não é um elemento adicional, algo extra para o qual é necessário encontrar-se tempo na vida atribulada. A criatividade é, na verdade, uma maneira de realizar o que já fazemos de uma forma melhor, mais rica, diferente, emocionante e mais produtiva. Imperceptivelmente a criatividade está incorporada à nossa vida, como algo que precisa ser acessado e não sufocado como muitos de nós fazemos. Ela não é um objeto de decoração que fica ali na estante esperando que você interaja com ela. Definitivamente não.
Sendo assim, quando você acessa o pensamento criativo ele passa a produzir um raciocínio eficaz, permitindo-nos ter uma vida gratificante, intensa, vibrante e bem sucedida.
Resgatamos nossa confiança criativa ao percebermos a vida de forma diferente, com um pouco mais de cor e suavidade, com mais possibilidades, desafios atraentes e oportunidades incríveis.
É algo libertador, pode acreditar.
Criativo, eu? Sim! (E muito!).