Todos nós que trabalhamos com comunicação, de forma geral, sabemos que a primeira área a sofrer cortes em qualquer tipo de crise, é o marketing. Em países desenvolvidos, acontece o contrário. Em tempos de crise são feitos mais investimentos, ou no mínimo se mantém o ritmo e essas empresas se recuperam mais rápido quando a crise passa.
Como por aqui a coisa não funciona tão bem, é inevitável passar por ao menos uma demissão ao longo da carreira. E quando isso acontece, o que fazer?
Temos diversas dicas espalhadas por portais de RH e alguns portais de notícias. Como não se trata de uma informação perecível, são sempre as mesmas. A mais comum é “utilizar seu networking”. Adianta? Sinceramente, não sei até que ponto.
Claro que sempre ajuda ter mais gente de olho em oportunidades que possam ser interessantes para você, mas isso não significa que você será contratado. Em alguns casos, até pode ser que funcione dessa forma, mas a grande maioria das vezes, o que realmente acontece é que a sua rede de contatos pode abrir algumas portas, enviar algumas vagas e fica por aí.
O tempo passa e você continua vendo o governo anunciar que o mercado está aquecido e que o desemprego diminuiu. Estranhamente, começam a pipocar várias matérias sobre o que fazer quando se está desempregado. Apesar de serem informações contraditórias, quando você está desempregado há algum tempo, acaba sendo atingido de uma forma não muito positiva.
A primeira coisa que se pensa é que o problema é com você. Idade avançada (quase 40 anos!), currículo ruim (só faculdade e pós-graduação), inglês fluente já não é mais um diferencial… e por aí vai.
Isso pode levar o profissional a um período sabático forçadamente extenso e penoso para o “profissional que busca por recolocação”, termo politicamente correto para “desempregado”.
Alguns pontos que não são comentados nas fantásticas matérias sobre recolocação:
– Seu networking só ajuda até certo ponto: o ponto aqui é que cada networking é diferente e portanto tem diferentes raios de atuação. Quando você é um diretor, conhece outros diretores que podem abrir com amis facilidade um espaço para você. Agora, quando você é um analista, conhecerá, muito provavelmente, outros analistas e no máximo alguns gerentes. Eles nem sempre terão autonomia para incluir ou criar uma vaga para você.
– Os processos levam mais tempo que o normal: sim, tudo está demorando mais. Se antes os processos de seleção levavam um mês, agora tudo se arrasta por pelo menos 3 meses. Mesmo dizendo que há pressa em prencher a vaga, dificilmente algo será resolvido em menos de 30 dias.
– Você não terá retorno da maioria dos processos que participar: este é um ponto de muita crítica entre aqueles que procuram por recolocação. Não raro, vejo depoimentos de profissionais que foram em entrevistas que nunca retornaram um e-mail sequer avisando que o processo fora finalizado. Então, prepare-se para ser sumariamente ignorado, pois são raríssimos os casos de empresas de RH ou HeadHunters que tem a decência de ligar ou enviar um e-mail avisando do resultado do processo. Se você só enviou o currículo para a vaga e não chamaram para uma entrevista então, são ainda mais raros.
Então, se você está desempregado hoje, não entre em pânico. Faça o que estiver ao seu alcance e tenha sempre uma margem de segurança. Não tenha vergonha ou receio de pegar o seguro desemprego, pode não parecer muito, mas mesmo tendo uma boa reserva, é sempre bom contar com alguma coisa. E é um direito seu!
Também faça as contas dos seus gastos mensais e estipule um teto mínimo para a sua reserva. Uns 3 meses de contas pagas, por exemplo. Se chegar a esse ponto, tenha em mente que nenhum trabalho é mais ou menos honrado. Pegue o que aparecer, para que tenha fôlego para buscar algo melhor.
E principalmente, não acredite em todos os artigos que são publicados por aí. Acredite sim, no seu potencial, e não desista nunca.
Marcos Moraes
Concordo com cada linha. Quem já passou por isso ou passa, sabe como funciona. Empresa ligar para lhe informar que você não foi aprovado para a vaga x? É raro é um profissional de RH saber escrever um email, quanto mais te ligar, mesmo quando lhe falam que ligarão para você informando o resultado. Networking em grande parte funciona quando precisam de você, e não quando você precisa. Mas toda a tentativa é válida certamente.
Ricardo Araki
Pois é Marcos, quando eu envio um CV e não retornam, acho ruim mas é até aceitável. Não sei quantas pessoas estão trabalhando nessa vaga e nem quantos CVs chegaram lá.
Mas quando você vai à entrevista e depois não retornam mais, acho muita falta de consideração.
É importante não deixar este tipo de profissional, atingir você. É duro, mas temos que ter sempre certeza do nosso valor profissional.
[]´s
Ricardo Araki
Heron Xavier
Olá Ricardo!
Excelente post! Passei por este processo e me identifiquei com seu post. E realmente não devemos esmorecer diante dos obstáculos, que um dia terão fim. Infelizmente o primeiro parágrafo de seu post é verdadeiro e ainda a maioria das empresas vê o departamento de marketing como uma despesa que precisa ser cortada diante no prejuízo.
E não devemos nos basear em artigos, mas sim lê-los e filtrar a real informação. Há muito trabalho, mas emprego mesmo, é pouco. E quando falam que os profissionais não estão capacitados para determinada função, limitam-se a uma fatia do mercado e proliferam como se todos os profissionais estão no mesmo patamar.
Para fechar, a morosidade no fechamento dos processos, a não devolutiva dos mesmos e a alta exigência para funções pedidas são pontos negativos e que os profissionais de gestão de pessoas devem rever antes de iniciar um processo seletivo.
Sem contar que muitos destes profissionais se consideram Deuses…
Ricardo Araki
Obrigado Heron!
Infelizmente temos muitos profissionais de RH por aí que realmente “se acham” acima dos outros. Mas por outro lado temos também excelentes profissionais, que além de retornarem o final do processo, oferecem algum apoio na recolocação, uma breve análise do seu perfil e dos motivos que levaram à escolha de outro candidato.
Apesar de continuar sendo uma resposta negativa, ao menos nós sabemos como estamos em relação ao escolhido e que o profissional teve o trabalho de estudar o seu perfil.
[]´s
Ricardo Araki
Priscila Stuani
Ricardo,
Concordo contigo que networking é bom mas não significa sucesso.
Eu tive uma boa experiência profissional através de indicção, mas os demais empregos consegui “sozinha”.
E referente a outra questão, da falta do follow aos profissionais entrevistados, é complicado mesmo. E quando eu fazia o processo de seleção, fazia questão de enviar um e-mail ou telefonema. Respeito aos profissionais é fundamental e faz toda diferença! Porque já tive candidatos que não foram aprovados em um processo de seleção, mas consegui encaixar em outros e que teve contratação, então é fundamental manter um bom relacionamento com as pessoas.
Mas é isso ai, não desista mesmo!
Ricardo Araki
Olá Priscila, você é uma das que podemos incluir no pequeno rol das boas profissionais de R&S. O candidato é um material de trabalho para você. Quando encontra um bom profissional, vale a pena ter um bom relacionamento com ele.
Mais do que isso, quando ele tiver a oportunidade com certeza indicará o seu serviço.
[]´s
Ricardo Araki
Ricardo Araki
Olá a todos!
Obrigado pelos comentários!
[]´s
Ricardo Araki
Norberto
Concordo plenamente,estou nessa situação atualmente,aos 61 anos e ” muita lenha prá queimar”, pior…no ramo em que atuava,tinha networking forte e todos a quem recorri
não me deram nem uma satisfação…….tornei-me Corretor de Imoveis e me levantarei…..
Ricardo Araki
Exatamente Norberto. A condição de fazer qualquer outra coisa durante esse período necessário para se recolocar, assusta muita gente e normalmente temos um orgulho que não nos deixa pensar em coisas que, na nossa mente, são “trabalhos inferiores”.
Não há trabalho inferior!
Desde que você o faça com empenho, determinação e ética, esse trabalho, seja ele qual for, te dará o tempo que precisa para traçar uma nova rota e se preparar para ela.
Boa sorte!
[]´s
Ricardo Araki
Priscila Falchi
Vejo que o mercado já está olhando com outros olhos os profissionais seniors.
Há um tempo atrás era comum o mercado contratar jovens profissionais com ótimos currículos acadêmicos, porém sem experiência profissional, apostando no gás total, em novas idéias. No entanto, a longo prazo o perfil desses profissionais e resultados efetivos mostraram que a experiência específica em alguns segmentos e conhecimento das variações do mercado são pontos muito relevantes na hora de escolher um candidato.
Nesse aspecto, o networking e a experiência são pontos importantes. Mostrar conhecimento do mercado e facilidade de adaptação às mudanças são muito consideradas.
Quando ao retorno aos candidatos, eu pelo menos, costumo sempre enviar um e-mail de agradecimento pela participação no processo e informando que outro candidato foi selecionado.
Ricardo Araki
Olá Priscila, temos mais uma Priscila no rol!
Como você disse, há espaço para profissionais acima dos 50. Mas eu percebo que as empresas, em geral, ainda tem receio. Talvez pelo salário, ou porque acham que ele não será capaz de acompanhar o ritmo.
Claro que não dá para comparar com um jovem de 20 anos, nem eu consigo me comparar à eles. Eles nasceram com uma tecnologia que eu vi se desenvolver e tive que me adaptar à ela.
Mas isso é só uma parte da receita. Profissionais sêniors tem muita experiência e, desde que não se achem sempre com a razão somente pela senioridade, serão excelentes membros da equipe.
[]´s
Ricardo Araki
@AndreVarga
Boas dicas.
No dia-a-dia o trabalho nunca temos tempo para pensar o que fazer caso o trabalho “faltar”.
Bons pontos.
Faz refletir um bocado.
Abraços!
:)
Ricardo Araki
Olá André! Obrigado!
Quando estamos trabalhando, ficamos com a impressão de fazer algo errado por procurar uma nova oportunidade enquanto ainda estamos lá.
Mas é preciso estar sempre atento a oportunidades e nunca rejeitá-las logo de cara, porque o mercado está lento e não dá sinais de melhora em um curto espaço de tempo.
Tudo é válido, se for ético!
[]´s
Ricardo Araki
@AndreVarga
Exatamente, Ricardo.
No final das contas, quem é o verdadeiro responsável por nosso Plano de Carreira, somos nós mesmos. E esse plano pode incluir passos dentro ou fora da empresa/organização atual que nos encontramos.
Você disse tudo: sendo ético, é válido.
Abraço e $uce$$o! :)