Em épocas de crise, é comum aumentar a proliferação de empresas e profissionais ornitorrinco. Você sabe o que é um ornitorrinco? É essa criatura aí da imagem. Trata-se de um mamífero, que têm pelos, mas põe ovos. Tem bico de pato, rabo de castor, membranas de réptil nas patas, espigões venenosos e no seu código genético estão presentes genes de aves, répteis e mamíferos.
Na analogia que pretendo fazer, a empresa ornitorrinco é aquela que tenta abraçar tudo que surge para não perder uma oportunidade, mas que no fim das contas não faz nada direito. O mesmo vale para profissionais, que tentam ser tudo, e acabam sendo nada. Mas, veja bem, no caso dos profissionais, há uma diferença astronômica entre ser um generalista e ser um ornitorrinco.
O generalista é aquele que muitas vezes têm condições de escalar para posições mais gerenciais, uma vez que tem uma visão holística e entende (ainda que de forma superficial), a dinâmica de tudo que envolve seus processos. O generalista conhece muito, mas geralmente não domina profundamente nada, ou domina algumas áreas específicas. Já o ornitorrinco, não tem foco. Ele agarra o que surgir, pipocando aqui e ali o que muitas vezes, faz com que ele deixe a desejar nas suas entregas.
Mas afinal, qual o problema de abraçar tudo?
O problema, é que geralmente quem faz tudo não faz nada com excelência, o que se torna insustentável. Há quem não veja problemas em viver na mediocridade, entregando o básico e muitas vezes ouvindo reclamações de coisas que estão além da sua competência. No entanto, o mercado está mudando e muito rapidamente. O cliente de hoje não aceita mais uma entrega “meia-boca”, porque aquilo que o ornitorrinco faz sem primar pela geração de valor, vai ser ofertado logo ali por uma empresa especializada, que poderá gerar até mais, por menos. Ou o cliente vai se dar conta que vale pagar mais por um serviço especializado, porque o valor entregue é maior.
E como fazer para não ser um ornitorrinco?
Para começar, é preciso ter foco. Estabelecer aquilo que você deseja da sua empresa/carreira e principalmente, entender aquilo que não deseja. Comece por criar a identidade da sua marca, seja marca enquanto empresa, seja marca pessoal.
Falar é fácil, mas na hora da crise, dizer não é uma opção?
Sim! Dizer não para os projetos errados, vai ajudar você a focar seu esforço nos projetos certos, naqueles que geram melhor reputação para você, porque você faz com excelência. E se o mercado não está para peixe, reinvente-se! Será que seu foco anterior não pode ser revisto? E se for o foco certo, que você deseja, como melhorar sua penetração de mercado e gerar maior rentabilidade? Exercite! Faça uma análise SWOT, utilize ferramentas como o Business Model Canvas ou Business Model You e repense sua estratégia, seja como empresa, seja como profissional.
Responda algumas perguntas (para você mesmo):
- Onde eu gero maior valor?
- Como faço para aumentar a percepção de valor por parte do meu cliente?
- No que eu preciso me capacitar/desenvolver para manter esse foco?
- Focar nisso, me realiza (enquanto profissional)?
- Como posso me tornar conhecido pelo meu foco?