Vivemos em uma sociedade em rede e estamos constantemente conectados. Mas, nem sempre somos capazes de nos relacionarmos verdadeiramente com o outro, sobretudo, no competitivo e cada vez mais urgente mercado de trabalho. Há muito a se produzir, resultados a apresentar, metas a serem alcançadas e aquelas pessoas com as quais nos relacionamos em nosso dia a dia profissional, se tornam, muitas vezes, apenas mais uma parte desse processo. Exige-se e espera-se que saibamos trabalhar em equipe, lidar com as diferenças, auxiliando-nos mutuamente em prol de resultados satisfatórios, mas sobra pouco tempo para analisarmos o modo com o qual nos relacionamos com o outro, a qualidade que imprimimos nessas relações e o quão determinante ações simples, como a prática da gentileza, podem representar como diferencial para a construção de uma carreira profissional de destaque e uma maior qualidade nos relacionamentos. Não é mesmo?
Estudos realizados comprovam que mais do que uma questão de cortesia, delicadeza e urbanidade, a gentileza pode ter sido determinante para nossa sobrevivência. A teoria da “sobrevivência do mais gentil” [1] desenvolvida pelo professor Sam Bowles, do Instituto Santa Fé, nos Estados Unidos indica que foi graças à gentileza que a espécie humana prosperou. Bowles analisou sociedades antigas e verificou que a gentileza era componente fundamental para sobrevivência das comunidades. Segundo o estudioso “grupos com muitos altruístas tendem a sobreviver” e como consequência “os altruístas cooperam e contribuem para o bem-estar dos outros integrantes da comunidade”. Neste sentido, como conceber a imagem de um bom líder/gestor sem que esse conheça, valorize e pratique a gentileza junto aos seus liderados e no desenvolvimento de estratégias para o seu negócio?
Como analogia a essa teoria podemos dizer que na sociedade atual, nas relações de trabalho e nas interações que realizamos, dificilmente sobreviveremos (e seremos felizes e realizados em nossos objetivos e sonhos) se não desenvolvermos continuamente nosso potencial de gentileza e nos tornarmos agentes multiplicadores. Essa foi à conclusão da professora Sonja Lyubomirsky [2], da Universidade da Califórnia, após realizar um estudo, no qual indivíduos de um grupo praticaram atos de gentileza durante dez semanas. De acordo com a pesquisadora foi possível verificar um aumento da felicidade sentida em todos os envolvidos. Sonja destacou ainda que aqueles indivíduos que realizaram ações de gentileza variadas como: ceder o lugar em um ônibus ou abrir a porta do prédio para alguém que está com as mãos ocupadas, por exemplo, atingiram um nível de felicidade superior ao daquelas pessoas que mantiverem sempre a mesma ação, mesmo um mês após o término do experimento.
E se a felicidade em si já nos faz tão bem, imagine se acrescida de um aumento na qualidade de nossa saúde, com uma única condição: aumentar a prática de gentileza diária? Para Stephen Post [3] professor e autor do livro Why Good Things Happen to Good People (Por que coisas boas acontecem a pessoas boas), há uma forte relação entre ser gentil e ter saúde. “Existe uma relação direta entre bem-estar, felicidade e saúde nas pessoas gentis. A gentileza talvez ajude a regular as emoções, o que causa impacto positivo sobre a saúde. Se nosso instinto biológico automático do tipo “lutar ou correr”, ficar ativo demais por causa do estresse, o sistema cardiovascular é afetado e a imunidade do corpo enfraquece. “É difícil ficar zangado, ressentido ou amedrontado quando se demonstra amor altruísta pelos outros”, afirma Post.
No meio corporativo a gentileza também vem sendo cada vez mais requisitada e observada como competência comportamental que oferece um diferencial competitivo, tanto para colaboradores que buscam melhores colocações profissionais dentro da organização quanto para as empresas que podem ampliar vendas, negócios, parcerias e clientes a partir dessa prática. A Manager Assessoria em RH [4], empresa dedicada à captação de profissionais, entrevistou 132 principais executivos de RH de empresas com mais de mil funcionários em todo o Brasil e questionou: “O que mais conta na hora da contratação de um colaborador?” E o resultado foi categórico: conhecimento técnico e comportamento. No entanto, esses executivos consideraram como competência mais relevante para contratação o perfil comportamental. Uma vez que o conhecimento técnico é mais facilmente desenvolvido e treinado.
Estudos feitos pela US News and World Report [4] também dá mostras subjetivas de como a gentileza pode contribuir para o aumento do lucro das empresas. Nessa pesquisa foram analisados os motivos pelos quais as empresas perdem seus clientes. Ao contrário do que muitos pensam, o valor do produto ou serviço é menos levado em conta (apenas 9%) do que a qualidade desse produto (14%), e a qualidade do produto, bem menos que a qualidade do atendimento (68%), conforme mostram os números. Esses dados revelam uma lógica simples: a qualidade do atendimento realizado, que deve primar pela gentileza e foco nas necessidades do cliente, é o que determina o sucesso, lucro, venda de um produto ou serviço.
Investir na prática permanente da gentileza é rentável às empresas, a saúde, a qualidade de nossas relações e, principalmente, a nós mesmos. Nem sempre é ou será fácil! Mas, é preciso tentar e acreditar que cada pequena ação feita por nós contribui para um bem maior. Afinal, como bem pregou profeta Gentileza: “Gentileza gera gentileza”.
Confira as 10 dicas para facilitar a prática da gentileza do livro “O Poder da Gentileza”, da jornalista e escritora, Rosana Braga:
1. Tente se colocar no lugar do outro. Isso o ajuda a entender melhor as pessoas, seu modo de pensar e agir.
2. Aprenda a escutar. Ouvir é muito importante para solucionar qualquer desavença ou problema.
3. Pratique a arte da paciência. Evite julgamentos e ações precipitadas.
4. Peça desculpas. Isso pode prevenir a violência e salvar relacionamentos.
5. Pense positivo. Procure valorizar o que a situação e o outro têm de bom e perceba que esse hábito pode promover verdadeiros milagres.
6. Respeite as pessoas quando elas pensarem e agirem de modo diferente de você. As diferenças são uma verdadeira riqueza para todos.
7. Seja solidário e companheiro. Demonstre interesse pelo outro, por seus sentimentos e por sua realidade de vida.
8. Analise a situação. Alcançar soluções pacíficas depende de se descobrir a raiz do problema.
9. Faça justiça. Esforce-se para compreender as diferenças e não para ganhar, como se as eventuais desavenças fossem jogos ou guerras.
10. Mude a sua maneira de ver os conflitos. A gentileza nos mostra que o conflito pode ter resultados positivos e ainda tornar a convivência mais íntima e confiável.
Fontes:
[1] [2] http://www.selecoes.com.br/mundo-melhor/gentileza-o-segredo-da felicidade_3152.htm
[3] [4] http://www.rosanabraga.com.br/index.php?pagina=artigos&id=29
Matheus Mousse
Parabéns pelo artigo, realmente a gentileza tem um poder incrível. Poucos são os que sabem analisar e valorizar o potencial que relacionamentos positivos podem gerar para os negócios.
Com toda certeza, as empresas que ouvirem seus clientes e colaboradores estarão um passo à frente.
Att. Matheus
Fernanda
Obrigada, Matheus!Partilho da mesma opinião e acredito que saber se relacionar (ouvir, entender e corresponder àquele com que se interage, ser gentil tanto no ambiente profissional quanto nas relações do nosso dia a dia) contribui sim, para construção de um ambiente mais agradável e favorável a conquista de bons negócios, sempre! Além é claro, de fortalecer as relações humanas.
Eliane Lages
Ótimo post, Fernanda!
Além de ser um assunto de extrema importância para todos, você soube enriquecer o texto com exemplos e dicas bem úteis que devemos praticar todos os dias.
Parabéns!
Abraços, Eliane
Fernanda
Obrigada, Eliane! O Projeto Implantando Marketing, todos os seus envolvidos e você em especial, exercem a gentileza na partilha de conhecimentos e são agentes motivadores e multiplicadores!!