Quando Steve Jobs saiu da Apple, muitos apostaram que seria o fim da marca. O executivo, visionário, fundador da empresa, sempre foi uma das fortes referências de sucesso dos produtos. Sua busca por qualidade e inovação foi um diferencial. Mas, além disso, tinha uma coisa que Jobs fazia como ninguém: inspirar seu público. E a principal ferramenta para essa inspiração era uma boa apresentação.
Porque agregar valor à marca não é uma tarefa fácil e deve estar presente em todos os canais, em todos os momentos. E Steve Jobs sabia bem disso.
O ex-CEO da Apple apresentava pessoalmente seus lançamentos antes de promover qualquer publicidade. Os chamados keynotes (espécie de discurso), que ganharam o apelido de Stevenotes, não economizavam em palavras de efeito e surpresas que sempre os levavam às primeiras páginas de toda a imprensa e garantiam o sucesso de cada produto.
A matemática, que combinava a força da ‘persona’ Steve Jobs ao estrondoso market share que a Apple representa, era basicamente: um bom produto + informações diretas e importantes + um meio de surpreender o público.
E já que o Branding da Apple é um inquestionável Caso de Sucesso, vale à pena repassar por algumas apresentações inesquecíveis, que foram alavancas para a estratégia da marca e a consequente venda dos produtos.
Em 2001, Jobs deu o primeiro passo em direção à referência que se tornaria a Apple: apresentou o primeiro íPod. A estratégia foi simples e genial. Um palco, trajes pretos, com um discurso que enchia o público de curiosidade e euforia – “a partir de hoje, toda a sua coletânea de música vai caber no bolso”. A plateia reagiu com um choque ao ver a novidade, facilmente carregada pela mão do executivo, enquanto ele completava: “com o íPod, a Apple inventou uma nova categoria de música digital que permite que você ouça a todos os seus CDs aonde quer que vá. Ouvir música nunca mais será a mesma coisa”.
Seguindo o princípio de que você tem, aproximadamente, 90 segundos para o público classificar sua apresentação como chata ou interessante, logo no início de cada apresentação, Steve Jobs mostrava os tópicos que seriam abordados e passava de um para outro, de forma clara, para que todos seguissem sua linha de raciocínio. E sempre focado em surpreender, muitas vezes, Jobs deixava uma última novidade oculta, para o final, que sempre era apresentada com um “and there is one more thing” (e tem mais uma coisa).
Em 2008, o executivo trouxe outro marco para o mundo da tecnologia: o laptop MacBook Air. A apresentação, como a maioria delas, tinha um tema instigante “there is something in the air today” (em português, “tem alguma coisa no ar hoje”, fazendo referência ao nome Air).
Para surpresa de todos, Jobs mostrou um envelope de papel e disse que ali estava o novo equipamento. A estratégia foi enfatizar a finura do laptop e criar um dos momentos mais surpreendentes da história.
O segredo é simples, mas está longe de ser fácil.
Um dos caminhos é ter em mente que a força do seu posicionamento se inicia em qualquer momento em que a marca aparece – uma prateleira de supermercado, uma cortesia de shopping ou uma simples apresentação, independente de publicidade. Com criatividade, surpresas e uma boa experiência, o cotidiano pode virar genial e sua marca, explorar novos momentos desde a primeira impressão. Que, aliás, é a que fica.
Eliane Lages
Ótima análise sobre o trabalho que Steve Jobs realizou na Apple, Bruna! Uma boa inspiração para todos os profissionais de comunicação e marketing.
Abraços, Eliane.
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