Meta… o que? Inicio a postagem de Inteligência Competitiva deste mês propondo uma reflexão sobre o conceito de Metanóia. Palavra origina do grego antigo (meta – além, depois / nóia – pensamento, intelecto), utilizada geralmente para designar mudança de pensamento, mudança de idéia. É um conceito utilizado em áreas que vão da retórica, à religião, à psicologia, e atualmente ao mundo corporativo.
No mundo corporativo, este conceito foi popularizado por Peter Senge, aclamado autor do livro “A quinta disciplina” (The Fifth Dicipline: The art and practice of the learning organization, Doubleday, New York, 1990), sendo elas: Domínio Pessoal, Modelos Mentais, Visão Compartilhada, Aprendizado em Equipe e Pensamento Sistêmico. É um processo de aprendizado constante e sistêmico – individual e coletivo – onde o todo é maior que a soma das partes. As interações das partes dinamizam o todo. Desta forma, não importa o tamanho do todo, se as suas respectivas partes não interagirem – é está interação que atribuirá um maior ou menor grau de Complexidade a uma determinada organização.
Mas… e a IC nisso tudo? Uma das mais importantes atribuições da área de IC é buscar continuamente a geração de vantagens competitivas para as empresas das quais estão vinculadas, porém, ressalto mais uma vez, devemos antes de tudo, pensar no fator humano. Nenhuma organização pode sustentar-se sem bases sólidas, e uma destas bases, a que gerará criatividade e inovação, é são os colaboradores, pois, onde a as pessoas se renovam, a organização inova. Roberto Tranjan, um dos precursores deste conceito no Brasil afirma: “se você quer mudar o que você faz, tem que mudar quem você é”, o mesmo vale para organizações.
A empresa onde atualmente trabalho, está em fase de implantação do novo sistema de CRM, que substituiu um antigo, já muito ultrapassado. Encontro ainda muitos problemas na obtenção de dados que sejam minimamente confiáveis, e onde esbarramos mais para que isso torne-se efetivo é na divulgação, e sua respectiva aceitação por parte dos envolvidos diretamente com o sistema – gerente de negócios, gerentes comerciais, operacionais, prospecção, etc e os demais envolvidos indiretamente, fornecedores, clientes, etc. Para a geração de produtos de IC confiáveis e úteis é vital a necessidade de fontes confiáveis, pode parecer obvio, mas muitos colaboradores não entendem a sua importância na complexa teia que é uma organização. Campanhas de divulgação e estímulo devem ser encorajadas, uma vez que o conjunto das informações coletadas dará uma noção ao planejamento estratégico. A identificação de pontos cegos e as futuras propostas para esta pautada em fontes seguras. Neste aspecto que a Quinta Disciplina pode auxiliar as organizações, uma vez que as áreas de IC estão muito pautadas em dados e técnicas. Mas isso remete à questão: Quem é um bom profissional de IC? Segundo o artigo “O ator de IC nas empresas: Habilidades Profissionais e Exigências de Mercado”, Vargas & Souza (http://read.adm.ufrgs.br/edicoes/pdf/artigo_299.pdf), as habilidades se resumem em:
Pessoais (persistência, criatividade, curiosidade, liderança, habilidades de expressão oral e escrita);
Técnicas (conhecimento da área de IC, terminologia, capacidade analítica, desenvolvimento de pensamento estratégico, pesquisa de mercado, habilidade de síntese, conhecimento de fontes primárias e de métodos de pesquisa, conhecimento de fontes secundárias de pesquisa, habilidade para a realização de entrevistas e conhecimentos de instrumentos de observação).
Corporativa (conhecimentos das estruturas de poder corporativo e processos de decisão, conhecimento do setor de atividade da empresa, conhecimento dos mecanismos de transmissão da informação nas empresas).
Além disso, o profissional deve ter conhecimentos de informática, mas como tenho ouvido no mercado corporativo ultimamente, isso é o de menos, pois é passível de treinamento, o mais importante é pensar.
O mais complexo é transformar a organização em uma Organização Inteligente – dialética, que mude e seja mudada pela sua ação coletiva, que tenha as portas abertas para as mais variadas sugestões, críticas, propostas dos seus envolvidos. Na próxima postagem tentarei fazer uma abordagem entre a teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural, criada pelo teórico romeno Reuven Feurstein, passível de um diálogo com a Metanóia, visando uma aplicabilidade no mundo corporativo.
Vanessa Alkmim
Sempre aprendo muitas coisas com seus textos, Luis! Esse então, foi muito bom!
Luis Paulo
Obrigado Vanessa! O importante é refletir… Sempre! Melhor ainda no coletivo.