Desde que o mundo é mundo o homem acumula sonhos e desejos que parecem eternos, e foram representados de diversas formas em nossa história, entre elas, por meio da religião e os poderes de seus deuses, dos mitos, e contemporaneamente pelos heróis. Todos eles têm algo em comum, os superpoderes que no final representam os poderes que conscientemente ou não, um dia desejamos. Talvez, na infância, esses desejos se manifestem mais acentuadamente. Qual criança não se imaginou voando como o super-homem, apresentando a força de Hércules ou a invisibilidade, a imortalidade, dentre outros infinitos poderes que vamos deixando para a ficção na vida adulta? Mas, quem sabe no fim das contas, ali no fundo do subconsciente, ainda desejamos. Isso sem contar os objetos mágicos tão comuns na vida dos heróis e vilões.
Entretanto, a realidade e o dia a dia toma conta de nossas vidas e vamos deixando a ficção para o cinema ou, mais recentemente, para as séries americanas, e nos entregamos ao dia a dia, mas, quem no trânsito nunca desejou voar? Ou atrasado, não desejou a máquina de teletransporte? E assim a lista é infinita, e no mercado não deixamos de desejar coisas mágicas; algumas, eu confesso, que tem características mágicas que deixariam muitos heróis com inveja, como por exemplo um Smartphone, que deixa o cinto de utilidades do Batman ultrapassado. A tecnologia é fascinante, Wi-fi que nos deixa conectados com o mundo em qualquer lugar, as redes sociais, etc. Quem sabe esses brinquedos, de alguma forma, não nos levam para esse universo lúdico de mágica e objetos mágicos?
Mas, mesmo assim, tenho certeza que muitos desejos continuam a permear nossa mente, dentre eles, um dos mais cobiçados pelo mercado seria a leitura do pensamento, talvez um dos poderes mais fortes entre os heróis da ficção, e entre nós seria maravilhoso ler a mente dos consumidores e lançar o produto ideal na hora certa; entender pensamentos, sentimentos e desejos subconscientes que realizem o ato da decisão de compra, ou quem sabe se antecipar ao descobrir desejos, impulsos ou motivações que nos levem a uma vantagem competitiva infalível.
Como não temos esse objeto mágico, recorremos às técnicas que conhecemos, como projetos de pesquisa de mercado, sejam qualitativos ou quantitativos, mas que não garantem o acerto da campanha ou produto ideal, a tal margem de erro muitas vezes é cruel, e o consumidor é sempre muito complexo, muitas vezes muda de opinião, ou responde aquilo que acha que seria a resposta certa ou ideal, mas não o que realmente representa seu pensamento, e a consequência desse ato é o fracasso do produto, e os números são cruéis, a grande maioria dos novos produtos não chegam ao segundo ano de vida no mercado.
Dentro desse cenário, a busca por novas soluções e minimizações de riscos é constante, e faz alguns anos que temos ouvido falar do “Neuromarketing” e seu rastreamento cerebral, que explora e entende desejos e motivações ocultas do ser humano. Esse pensamento chega ao extremo quando pensamos nas possibilidades de controle e manipulação de mentes, mas sinceramente não acredito nessa hipótese fantasiosa. Mas, tirando os exageros, de fato a técnica de neuromarketing chegou com a proposta de ser uma ferramenta que usa a ciência a favor do conhecimento dos desejos do consumidor e, com isso, consequentemente amplia as vendas e aumenta os resultados financeiros de uma empresa.
De acordo com um dos maiores e mais conceituados profissionais na área, Martin Lindstron, a técnica de neuromarketing acontece por meio do IRMf (Imagem por Ressonância Magnética Funcional) que mede as propriedades magnéticas da hemoglobina, um componente existente nos glóbulos vermelhos do sangue, responsável pelo transporte do oxigênio pelo corpo. O aparelho mede a quantidade de sangue oxigenado existente no cérebro, em resumo e simplificando, nosso cérebro ao realizar uma tarefa, utiliza mais oxigênio em determinada área, e como cada área é responsável por funções específicas, o resultado é a tradução dessas áreas em desejos, etc. Por exemplo, quando um consumidor é impactado por um anúncio de TV seu cérebro tem reações a esse impacto midiático, e até então só saberíamos o que o consumidor achou do anúncio por meio de suas descrições pessoais. Já com as técnicas de neuromarketing, podemos saber quais áreas no cérebro foram impactadas e traduzir com maior precisão de dados os estímulos causados pelo anúncio, se estimularam áreas do cérebro de prazer ou rejeição, ou até mesmo de estimulo sexual, dentre outras infinitas possibilidades.
Dessa forma, o neuromarketing surgiu no mercado como um instrumento mágico, apesar de uma técnica de alto valor, já não era preciso perguntar mais ao consumidor, basta que a técnica de IRMf seja aplicada e seus desejos, impulsos e reações serão descobertos. Essa técnica já atraiu no Brasil grandes empresas, da área de cosméticos, canais a cabo, dentre outros ramos.
Concordo plenamente que as possibilidades de novas descobertas com essa técnica sejam atraentes e os temas mais interessantes ainda, as diferenças cerebrais entre homens e mulheres, impactos de cores no consumidor, consequência de sensações como olfativas, luz, dentre outras, mas o que realmente me preocupa é a forma como muitas vezes vi essa técnica retratada por profissionais do mercado, como uma formula mágica de leitura de pensamento do consumidor.
Não é, somos muito mais complexos do que reações cerebrais, fatores psicológicos, antropológicos, dentre muitos outros que fazem da ciência do marketing um campo fascinante e difícil. Sempre digo para meus alunos, quando é simples, e fácil de entender, desconfie!
Afinal, quando estamos lendo um livro, tenho certeza que é possível mapear as diversas áreas do cérebro, mas é impossível descrever exatamente o que está na imaginação de cada leitor, quem poderia mapear o universo lúdico de um leitor, as verdadeiras sensações de um toque, um beijo ou prazer de um pôr do sol?
PAMELA S.DA SILVA
PARABÉNS OTIMO ARTIGO,É UMA LOGICA RACIONAL.
Douglas Vidal
Oi Pamela, obrigado!! Um grande abraço!
Erick Aparecido leiras
A mente humana ainda é uma caixa com muitos mistérios a ser descobertos,no entanto podemos controlar alguns dos nossos estímulos , ou seja temos desejos , que podemos controlar com facilidade,outros são atravéz de impulsos não controlados e sim momentaneos,mas com a tecnologia ao nosso favor tudo se torna fácil e quase tudo útil.A teconologia veio para ficar,facilitar,realizar desejos nos quais,achava-mos que era impusivel.
A tecnologia em si e excelente,mas ao mesmo tempo nos deixa de uma maneira que nunca esta perfeito,exemplo;lançamentos tecnológicos,pesquisas altmamente avançadas etc….
Devemos tomar muito cuidado com os avanços,para nao pararmos em uma clinica especializada em vicio tecnologico.
Conclusão:
Tecnologia essencial para o desenvolvimento mundial e humano.
Cerebro humano:insubstituível
Douglas Vidal
Perfeito Erick, o equilíbrio entre tecnologia e humanidade é com certeza o melhor caminho.
Um grande abraço!
Rafael Lopes
Esse foi e será sempre meu mestre e professor rsrs!!! Realmente espetacular este artigo, parabéns Douglas Vidal !!
Douglas Vidal
Obrigado mesmo Rafael!! Um grande abraço!
Mateus Rosa
Douglas
Ótimo artigo parabéns pela contextualização.
abç
Douglas Vidal
Obrigado Mateus!
Um grande abraço!!
Bruno Lacerda
Fantástico, o Neuromarketing pode e deverá ser uma ferramenta fundamental para análise do consumidor contemporâneo, mas decifrar pensamentos jamais.
Abraços.
Douglas Vidal
Perfeito Bruno!
Um grande abraço!!!
Tania Bernardes
Adorei…
Douglas Vidal
Obrigado Tania!
Um abração!!