A vida de um profissional de marketing nem sempre é linear. Há sempre a possibilidade de um emprego fixo não ser o suficiente para se sustentar e, portanto, a prática “freelancer” acaba sendo uma grande e, por vezes, boa opção.
O marqueteiro freelancer tem alguns desafios nas mãos. Muitas vezes o público-alvo é aquela pequena empresa que sabe que tem que fazer marketing, mas não tem ideia de como realizar isso. Espera milagres, como o aumento de faturamento com uma pequena ação, não pensa de forma abrangente com consciência do todo e construção de identidade institucional. Logo, o desafio pode ser ainda maior do que quando se é contratado para trabalhar em um departamento já estruturado.
Essa reflexão surgiu após uma reunião em uma empresa para a qual começarei a prestar serviços. A situação é a seguinte: o empreendedor é um profissional polivalente que construiu seu networking com muito lobby e paixão pelo que faz. Conta com uma pequena equipe que parece assessorá-lo bem. Um designer terceirizado que atende às demandas urgentes quase sem briefing (o que faz com que a identidade visual seja mal aplicada por quem não está preparado). Ao mesmo tempo que tem um excelente espaço físico, uma cartela de clientes atuantes e uma variedade de serviços para oferecer. O problema? Esse empreendedor não sabe vender o seu trabalho. Sabe listar o que faz, mas não tem em seu discurso ou mesmo em material o que pode oferecer para seus clientes. Ele precisa de ajuda e organização interna e externa para começar a fazer relacionamento com seus clientes, prospectar novos, gerenciar melhor a equipe, otimizar seus serviços, construir um material gráfico apresentável e dar um pontapé inicial na presença on-line de sua marca.
Diagnósticos a parte, a situação desse cliente me fez perceber que muitas vezes o fazer ininterrupto promove o não pensar estratégico. E que quem está fazendo tende a não ter um olhar estruturado do todo. Ora, basta pensarmos na nossa própria vida profissional. Acontece de sabermos que precisamos dar passos maiores, correr riscos, aumentar nossos ganhos e ter um upgrade na carreira. Mas, não conseguimos saber em que direção devemos ir. Buscamos ajuda dos colegas, nos estudos, coachings, conteúdos e até mesmo em quem não se relaciona com a nossa área.
Penso que isso acontece por algumas razões. Uma delas é que a paixão é cega. E gente muito apaixonada pelo que faz tende a ter paixão pelo fazer. Então começa a fazer e tirar a satisfação disso sem parar para respirar e pensar que pode ser mais estratégico nos seus movimentos. A outra é que o olho do furacão é perto demais de onde você está. Prejudica qualquer visão macro da situação.
Certa vez, um professor na graduação me disse “umas verdades”. A maior delas foi que “em time que está ganhando sempre se mexe”. Que essa era a única forma de manter a frequência das vitórias. Tal lembrança com o meu novo desafio profissional me deixou um exemplo: o marketing é desafiador e sua base é a estratégia. Ela vem do pensamento que deve ser abrangente, atual e referencial. Assim como nossa carreira, o pensamento também pode se estagnar. O exercício é sempre se distanciar e saber aplicar essa medida em instância pessoal e profissional. O desafio está lançado para mim e, com sorte, para você também.
Eliane Lages
Parabéns pelo post. Seu texto é uma boa reflexão sobre como devemos pensar melhor sobre a forma que o marketing está sendo feito e uma grande inspiração para mudarmos o cenário do mercado.
Sucesso!
Abraços, Eliane.