O marketing passou desde a revolução industrial por diversas mudanças, sendo influenciado por diversos fatores, entre os mais importantes pode-se destacar: o contexto histórico, as inovações tecnológicas e principalmente, as mudanças comportamentais. O objetivo inicial que era vender o produto cedeu espaço à busca por satisfazer e reter o cliente, culminando mais recentemente, no fato de se importar com valores e fazer um mundo melhor. Podemos nos aprofundar no assunto com o excelente livro “Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano” de KOTLER, P. KARTAJAYA, H. SETIAWAN.
Evolução do Marketing
Muitas são as tentativas de ações em que vemos o mercado se adequar a este conceito, a campanha “Happiness” da Coca-Cola, entre tantas outras campanhas, exemplifica bem a questão, mas o grande desafio é justamente o engajamento do consumidor. É justamente este engajamento que serve como inspiração e reflexão para falar de um movimento no qual temos muito que aprender.
Em 2013, ao final de uma reforma, os moradores da região de Pinheiros em São Paulo se depararam com uma área que se assemelhava muito a um deserto de concreto, com completa ausência de bancos, lixeiras, áreas de lazer, e ocupação, ou seja, uma área morta, que tinha tudo pra abrigar drogados, e aumentar a criminalidade. Mas os moradores da região, espontaneamente iniciaram um movimento de ocupação urbana, e desde Janeiro de 2014, todas as sextas feitas o espaço é ocupado por cadeiras de praia, almofadas, música, e além dos moradores, muitas tribos urbanas passaram a frequentar o local.
Até então, ocupações urbanas não são novidades, uma das mais famosas, foi a ocupação da estação do metrô São Bento nos anos 80, de onde saíram diversos artistas, como o músico Thaide, os grafiteiros “Gemeos”, entre outros. Hoje a estação Conceição reúne grupos de skatistas e a Consolação, na linha verde do metrô, é ponto de encontro de diversas tribos que se reúnem para conversar, beber e se divertir.
A grande diferença do movimento “A Batata Precisa de Você” está, não somente, na reunião de tribos urbanas, mas no engajamento destas reuniões. Todas as sextas feiras ao final da tarde, os integrantes do movimento, convidados e qualquer interessado, se reúnem no Largo da Batata e curtem pocket shows, instalações artísticas, performances, filmes, e todo tipo de entretenimento cultural que pode ser oferecido no ambiente. Desde janeiro de 2014 o grupo já se reuniu mais de 30 vezes e inspira outras ocupações pela cidade de São Paulo.
Movimento “A Batata Precisa de Você”
Mas, além da proposta de encontro e diversão que o evento promove, a grande diferença para outras propostas semelhantes, como os encontros nas estações Conceição e Consolação, está nas ações de responsabilidade social praticadas a cada encontro. As ações tem grande impacto no local e são feitas em uma aliança de diversão e engajamento. Em uma sexta-feira pode ser feito a construção de bancos, na outra a limpeza do local, oficinas, troca de livros, debates, e desta forma, estes grupos aliam ações de responsabilidade social com entretenimento, diversão e com certeza, cidadania.
Assim, de maneira voluntária, este grupo de pessoas ocupa um espaço que é deles, e de maneira criativa, divertida, faz com certeza um mundo melhor. Objetivo no qual o marketing tem se esforçado muito para engajar seus consumidores.
O grande aprendizado do movimento “A Batata Precisa de Você” para o marketing é compreender ser possível realizar ações onde diversão e responsabilidade social podem e devem andar juntos e fazer um mundo melhor, como sonhou Phillip Kotler.
Para a realização deste artigo, utilizei o material e as imagens disponíveis no grupo do Facebook, o artigo da Mariana de Toledo Marchesi para uma apresentação oral, e uma conversa informal com o simpático publicitário e participante do grupo Marcos Mauro Rodrigues, que tem também sua filha Laura Sobral como umas das mentoras e participantes ativas do movimento.
São pessoas como estas que fazem um mundo melhor e mais divertido de se viver!
