Continuando nossas reflexões sobre diversidade de gênero e propaganda gostaria de comentar sobre o evento ocorrido no Texas/USA agora em março. O South by Southwest – SXSW Conference & Festivals () reúne uma série de seminários, conferências, eventos e muita agitação em torno de design, tecnologia, cultura, cinema, storytelling, música e muitos outros acontecimentos, agitando o mercado da comunicação e entretenimento.
O que me chamou a atenção foi um trecho publicado no Jornal Meio & Mensagem intitulado “o hijab que cobre e também revela”. O artigo fala sobre Noor Tagouri, mulher, muçulmana, jornalista, feminista, destacando seu empenho como profissional e sua meta em ser a primeira mulher com hijab a ancorar um telejornal norteamericano. O destaque fica por conta do que ela chama de “conquista da própria identidade” como forma de ser autêntica. Sem abrir mão de suas raízes, a jornalista foi ao encontro delas com a firme determinação de usar seu legado, suas crenças pessoais e narrativas como forma de construção de sua autenticidade. Ela diz: “Não há código para que você seja genuína e capaz de contar sua verdade mas sim uma luz interna que devemos deixar brilhar”.
Mas porque me chamou a atenção? Pela simplicidade com que ela exemplifica que a autenticidade está em ser quem você é, na sua história e no seu caminho singular. Vemos tantos esforços das pessoas, empresas e marcas em ganhar a atenção das consumidoras com narrativas estereotipadas e propostas mirabolantes e Noor dá uma resposta simples: seja cada vez mais você mesma.
Então, para que funcione, o discurso precisa estar embasado em uma verdade: como é o DNA da organização, marca, produto ou serviço? Quais são os valores defendidos pela organização? A marca, produto ou serviço pratica a equidade de gênero entre seus colaboradores? Quais são as bases onde a campanha publicitária está sendo construída?
Apenas 20% dos criativos de agências são mulheres, na maioria das organizações não existe equidade de gênero. A atitude que leva ao empoderamento feminino e maior diálogo está na simplicidade do que nos propõe Noor: ser quem você é, seja como pessoa, organização ou marca, aí storytelling começa a fazer sentido porque há transparência, há DNA, há verdade naquilo que se fala na comunicação.
Sempre Livre é uma marca da Johnson & Johnson, empresa que integra o programa Movimento Mulher 360 que busca discutir caminhos para melhor ascensão da mulher no mercado de trabalho.
Íntimus é da Kimberly-Clarke uma empresa que concorreu ao Prêmio WEPs Brasil.
Quem disse Berenice? é marca do Grupo Boticário, tradicional por proporcionar benefícios que apoiam a mulher profissional.
A Skol, mudou de rumo e fala de sua evolução como empresa.
P&G foi a sétima colocada em 2013 no ranking da Revista Exame sobre as 15 melhores empresas em diversidade de inclusão.
Todas as marcas e empresas citadas destacaram-se em 2016 por campanhas com forte apelo ao empoderamento e à liberdade feminina. Parece que estas empresas estão falando a sua verdade em comunicação. É um mundo em processo de transformação, com certeza, e o destaque fica por conta do que Noor Tagouri chamou de “conquista da própria identidade” como forma de ser autêntica.