Pedro era um excelente colaborador. Pontual, correto, respeitava decisões, tratava bem os colegas, era cordial com todos e fazia bem seu trabalho. Um dia, o gestor de Pedro achou que já era hora de seu esforço ser reconhecido e ele foi promovido. Só tinha um problema: Pedro, era um excelente executor de ordens e não tinha autonomia para criar coisas novas e delegar. Aos poucos, a produtividade de Pedro foi caindo. Ele já não era tão cordial e se sentia pressionado, pois não estava correspondendo às necessidades de seu novo cargo. Menos de um ano após a promoção, nosso amigo sucumbiu e pediu demissão. O gestor de Pedro lamentou, pois não sabia o que havia dado errado. Ele era um colaborador modelo. Por que diabos havia mudado tanto? Será que o novo cargo lhe subiu a cabeça?
Maria era espoleta, o tipo de pessoa pró-ativa que pensava em tudo e executava com perfeição. Tinha um grande potencial e era visível seu esforço para que tudo desse certo. Embora não tivesse tanta experiência, Maria sempre buscava ler, conversar com outros profissionais e assim aprender coisas novas. Um dia, vagou uma oportunidade em um nível acima do que Maria atuava e ela foi promovida. Porém, Maria que era excelente em seu cargo e trabalhava visivelmente feliz passou a ficar cada dia mais “apagada”, pois não tinha condições de cumprir o que lhe era delegado na nova atuação, devido a sua falta de experiência.
Esses dois casos são fictícios, porém, relatam situações que comumente ocorrem em empresas. O que há em comum entre eles? Em ambos, profissionais que eram excelentes em determinadas funções foram promovidos sem estarem prontos para isso. Trouxe esse tema hoje, pois estamos no final do ano, época em que muitas promoções são pensadas para que as pessoas entrem o ano já no novo cargo.
É claro que todo mundo quer crescer e não estou dizendo que as pessoas devem ficar estagnadas em cargos inferiores. Apenas quero destacar que não basta promover. É preciso desenvolver, capacitar e preparar o colaborador para a nova atuação. Se ele vai liderar uma equipe, invista em uma formação de liderança e gestão de pessoas. Programas de curta duração estão valendo. Se ele vai apenas executar tarefas mais complexas do que antes, tenha certeza de que ele está preparado para isso. Se não estiver, prepare-o antes de assumir a nova responsabilidade. Ou sinalize seu interesse em promovê-lo para que ele próprio busque a capacitação necessária. Não perca seus bons profissionais por exigir mais do que eles podem oferecer.
E se o profissional recebe uma proposta de promoção sabendo que não está preparado para o novo cargo? Deve recusar? Não necessariamente. Apenas avalie seu CHA (conjunto de conhecimento, habilidades e atitudes) e veja quais competências precisam ser desenvolvidas para atender com excelência a nova necessidade e corra atrás.
Tendo a pessoa certa, no lugar certo, não existe problema que não possa ser superado. Faça do limão uma limonada capacitando sua equipe, mas não deixe isso para a última hora.
Priscila Stuani
Ótimo texto Aline!
Cansei de ouvir casos em que determinado profissional era ótimo em sua atividade e depois de ser promovido, baixou de rendimento até ser despedido… Muito importante a orientação sobre o CHA, não pode ser desconsiderado mesmo.
Abraços,
Priscila
@AndreVarga
Excelente tema, ALINE.
E infelizmente, o Colaborador que tanto se esforça acaba prejudicado pela falta de habilidade de seu Gestor em fazer-lhe coaching ou identificar seu pendor a Gestão e Liderança.
Nem todos tem facilidade ou pendor para liderar ou gerir coisas e pessoas. Mas pode ser ensinado/aprendido. No entanto existe a necessidade PRÉVIA de preparação e treinamento.
Do contrário cria-se 2 problemas: contratar um novo “chefe” para o lugar do Colaborador que sai; e disponibilizar para a concorrência um ótimo Colaborador-executor.
Infelizmente ninguém ensina ou discute isso com os Gestores nas empresas como se deveria. :)