Imagem retirada do site: http://www.neurosciencemarketing.com
Hoje me deu vontade de retornar às origens da minha vida, quando eu ainda cantava pelas grandes salas e teatros do país e exterior. Um grande aprendizado para a vida, esta tal de música clássica. Me ajudou a ser mais perspicaz, observador, ético, responsável, me ensinou a trabalhar em equipe e, principalmente, que sem dedicação não chegaremos a lugar algum.
Uma curiosidade sobre a importância da música para o ser humano: estamos todos intimamente ligados pelo som
Um destes elos, é a voz. Voz, em latim significa você; que por sua vez, significa som e está intimamente ligado à personalidade, que tem sua raiz na palavra persona; ou “pelo som”. Bacana, né? Eu também sorri quando fiz esta pesquisa.
A música é uma força poderosa capaz de alterar a percepção do ser humano e é difícil definir ou controlar de maneira racional todas as reações provocadas por ela. Grandes autores já até chegaram a conclusões interessantes de que foi do corpo humano que se originaram os instrumentos musicais. Mas não vou me divagar muito por estes campos, pois entraremos também em musicoterapia e sairemos do nosso trilho. É assunto para outro texto, quem sabe em um blog de música e saúde?
Processos de compra e percepção
O ato de comprar não acontece do nada. Tem como ponto de partida a motivação, que conduz à necessidade, que por sua vez, desperta um desejo. A busca da satisfação deste desejo, nos leva às preferencias que estão diretamente ligadas ao autoconceito, ou seja, o conceito que o consumidor tem ou gostaria de ter de si mesmo. Porém, no sentido oposto, existem os freios que são implícitos ou explícitos em relação ao seu produto. A união destas variáveis resultará na percepção que o seu consumidor terá de seu produto e/ou ponto de venda.
Por isto, precisamos criar uma experiência perfeita para o consumidor dentro de uma atmosfera de varejo, seja ela qual for: virtual ou real. As reações dos nossos consumidores e suas atitudes dentro do ambiente de compras são tidas como um processo contínuo, onde nossos atores (consumidores) representam papéis diferentes, modificando suas decisões de consumo dependendo da “peça”, percebendo o ambiente. São alguns estímulos: o mershandising, cores, música, aromas, iluminação, apresentação dos funcionários, crowding feeling e muito mais. Esta percepção é importante, pois atribui um significado ao seu negócio.
A relação dos sentidos humanos com esta percepção envolve a visão, o olfato, o paladar, o tato e a audição. Por serem sentidos abstratos, a audição e o olfato remontam memórias já existentes de bons ou maus momentos. Portanto, preste bastante atenção em sua playlist e cheiros “mágicos” que fazem você vender mais. Não queremos bad feelings & memories sobre seu negócio, não é mesmo?
No ambiente corporativo, os jingles ainda mantém a consciência das marcas e a música ambiente mantém e cria o estado de espírito desejado. Conheci em 2007 a empresa Muzak Corporation (EUA) e desde aquela época já era especializada em músicas funcionais. Estima-se que por dia, mais de 80 milhões de consumidores ouçam suas composições.
A influência do sound branding no seu negócio na prática se dá da seguinte forma:
1)Audição: estar atento ou não aos sons e estímulos sonoros.
2)Exposição: ocorre quando um estímulo penetra na gama de receptores sensoriais de uma pessoa. Há estímulos perceptíveis e outros que as pessoas não conseguem ver, nem ouvir. Um psicofísico explicaria bem melhor isto do que eu, tenho certeza. Mas há o que consigo explicar, que é o limiar absoluto, ou seja: a quantidade mínima de estímulo necessária para promover a percepção de mudança entre dois estímulos. Promova a mudança.
3)Atenção: você está atrasado para uma reunião e sua camisa se sujou comendo o seu spaguetti preferido no shopping de sua conveniência. Você prontamente ouve pelo alto-falante algo sobre uma promoção de camisas em uma loja logo à frente. Isto se chama vigilância perceptiva. Quando você quer ver apenas o que quer, chamamos de defesa perceptiva. E a minha preferida: a atenção seletiva. Mudamos o foco conscientemente, diferente da vigilância perceptiva, que é a resposta a um estímulo.
4)Interpretação do estímulo: deciframos o estímulo e o organizamos utilizando dois princípios específicos: complementação e similaridade. Sabe quando tendemos a perceber uma figura incompleta como completa? Pois é, esta é a complementação. A similaridade é quando estamos tendenciosos a agrupar objetos que compartilhem características físicas semelhantes. Interpretar e dar sentido. É função da semiótica, que examina as correspondências de signos e símbolos e seu papel na atribuição de significado. Assim acontece com a música e seu ambiente de negócios.
5)Percepção e comportamento: Seu consumidor não é passivo. Ele processa, a todo o momento, as informações passadas à ele. Perceber, significa reagir ao contexto e satisfazer necessidades. Necessidades não satisfeitas representam oportunidades de negócios aos seus concorrentes. Parece estranho, mas a percepção é construída através do percebido.
6)A música no ambiente de varejo: influencia as experiências e decisões de compra dos consumidores. Acalma, acelera, afasta, une, muda a percepção dos seus consumidores em relação aos seus produtos, aumenta ou diminui o tempo de permanência do seu cliente na sua atmosfera. O ideal é que consulte um especialista para um estudo de público-alvo e o que se deseja com a sua nova playlist.
Então funciona mesmo?
Sim, e muito! Já existem vários estudos que comprovam a eficácia da influência da música ambiente no comportamento do consumidor. Músicas familiares influenciam o tempo de permanência do cliente na loja, Mozart “expulsa” adolescentes ociosos de shopping center na Alemanha, mudanças de ritmos nas rotinas de trabalho afetam a produtividade dos trabalhadores em fábricas na França, música Argentina em restaurantes finos aumenta a venda de vinhos etc.
Algumas referências para este texto: Sakai, Lorenzzetti, Zanchetta, Bernstein, Karsaklian, Solomon, Levi, Weitz, Donovan, Rossiter, Mehrabian, Russel, Donn Levie, Yalch, Spangenberg, Jourdain dentre muitos outros!
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Sobre mim
Publicitário com mais de 10 anos de mercado e empreendedor por mais de 15 anos. Já foi dono de agência e de restaurante, consultor de comunicação da força aérea brasileira, cozinheiro nato, amante da música clássica e erudita trabalhando por mais de 12 anos com elas. Adora cães, meditação e acro-yoga. É mentor de marketing de algumas empresas e adora o voluntariado. Já participou da criação e ativação de startups e é vegetariano.
