Criativo, empreendedor, estrategista, sempre em busca de desafios que possam agregar algum tipo de valor. Essas são as características que definem Victor Raful e que ajudam a contar sua trajetória profissional. Associado do núcleo LinkedIn, do Projeto Implantando Marketing há dois anos e meio, Victor Raful foi o destaque do mês de julho pela criatividade, comprometimento, assiduidade e repercussão das discussões no grupo do LinkedIn do projeto. Nessa entrevista, o profissional com mais de 15 de anos de mercado, especialista na área de Estratégia e Inovação em E-commerce e Projetos Digitais, criador de start up, única em seu segmento, aponta suas percepções sobre o mercado do e-commerce no Brasil. Ele fala também sobre seu propósito de deixar um legado por onde passar, e é categórico ao afirmar que considera o ambiente digital um canal inevitável às empresas que querem expandir seus negócios.
Implantando Marketing: Que caminhos trilhou até decidir fazer o que faz hoje?
Victor Raful: Sou formado em Propaganda e Marketing e desde cedo comecei com grandes responsabilidades, pois iniciei a minha trajetória profissional sendo proprietário de empresa. Trabalho há 15 anos no total, incluindo publicidade, onde aprendi a ser criativo, ir atrás das respostas e buscar soluções, pois sempre acreditei que “a força” está conosco e, às vezes esquecemos isso. Nada cai do céu, de graça!
Depois fui para área de Serviços/Varejo, onde pude adicionar ao meu conhecimento, a flexibilidade que se tem que ter no mundo dos negócios, gerenciamento e relacionamento com o público. Vi que empreendedorismo e gerenciamento de projetos e negócios era o que eu realmente gostava e achei que estava pronto para implementar um projeto único no Brasil, uma start up de varejo.
A partir de 2008, vendo que o mundo online era uma tendência sem volta, comecei a posicionar a minha carreira para criação de negócios digitais. Hoje acredito que offline e online só devem ser separados didaticamente, pois não há mais distinção, estão integrados.
Implantando Marketing: Quais foram (são) suas principais motivações e inspirações?
Victor Raful: Sempre gostei de responsabilidades, liderar algum projeto e pessoas. Minha intenção sempre foi tentar deixar algum tipo de legado por onde passei e criar valor aos negócios em que atuei. Esse valor seria aquele “algo a mais” além da simples troca entre empresa e cliente, através de produto/serviço e dinheiro. A venda para mim é uma consequência do bom trabalho.
Implantando Marketing: Em seu perfil no LinkedIn você menciona que a partir do seu estágio na área de design percebeu que estava em seu DNA trabalhar com processos criativos. De que forma esse gosto e identificação pela questão criativa o auxilia no desenvolvimento de ações estratégicas e práticas em seu trabalho?
Victor Raful: A criação não está somente em ter ideias únicas e grandiosas. Criar para mim é achar uma oportunidade, desenvolvê-la e lucrar (existe vários tipos de “lucro”) com ela. A “eureca”, para mim, não acontece por acaso. Ela é somente a ponta do iceberg que é o resultado de um processo. Sempre procuro entender bem o negócio, ter uma boa base para criar um sistema que sustente a ideia, desde a criação, passando pelo desenvolvimento, lançamento, até o seu gerenciamento. Sigo a filosofia de que “menos é mais”. Fazer o simples, às vezes, é bem mais complicado do que imaginamos.
Implantando Marketing: Você se descreve como uma pessoa/profissional com perfil empreendedor e estrategista, que gosta de novos desafios que possam agregar algum tipo de valor. Que tipos de desafios e valores você tem buscado vivenciar ultimamente?
Victor Raful: O que busco neste momento, profissionalmente, é fazer as empresas entenderem a importância do digital no ambiente corporativo, tanto para o backoffice, quanto para o front end.
Implantando Marketing: Como estimular as empresas a aderirem ao digital como uma alternativa à expansão de negócios?
Victor Raful: Existem muitas maneiras de gerar leads para o negócio com estratégias de marketing digital. É preciso pensar nas vantagens que um sistema automatizado, e não manual, irá trazer de benefício para a empresa e, consequentemente, para o consumidor. Por que não oferecer mais conveniência ao consumidor possibilitando-o adquirir seu produto em qualquer dispositivo eletrônico? Esses são alguns exemplos de expansão de negócios que poderiam ser implementadas pelas empresas em sua estratégia, mas muitas vezes não são visualizados.
Implantando Marketing: De acordo com estudos do E-bit, empresa especializada em informações do comércio eletrônico, o varejo virtual obteve um faturamento de R$ 28,8 bilhões, em 2013 e a previsão é de que até o final de 2014 o faturamento seja equivalente a R$ 34,6 bilhões. Esses dados revelam a potencialidade do e-commerce em termos de lucratividade e expansão nos negócios, o que induz muitas empresas a investirem também nessa nova forma de comércio. Em sua avaliação quais são os principais desafios a serem superados pelas empresas que investem no e-commerce para, de fato, obterem um bom retorno?
Victor Raful: Kotler prevê que o investimento digital em poucos anos será 50/50% em relação ao off-line. Na minha opinião, isso não diminui a importância do ambiente físico, mas considera o ambiente digital como um canal inevitável. Ambos se integram e se completam. Existem três aspectos macro, que podem ser considerados em termos de desafios e um deles é ter a consciência do pensamento digital. Digital não é somente um site, um e-commerce, um aplicativo, mas sim um todo, onde todos os ambientes e canais têm o seu valor e podem se integrar. Outro desafio é ter pessoas qualificadas para gerir e desenvolver o ambiente digital. Não pode ser a filosofia “o meu primo mexe com sites”, isso o mercado não permite mais. Por isso, acredito que tenha que ter um CDO (Chief Digital Officer) ou departamento compatível, que lida somente com o ambiente digital e que faça a ponte entre as estratégias da Empresa e Marketing X TI. 3. E o terceiro aspecto, mais complexo, seria infraestrutura interna das empresas para o desenvolvimento do digital e a infraestrutura que o país oferece para o mundo digital evoluir, como logística, telecomunicação, data centers, faculdades, hubs, indústria, etc.
Implantando Marketing: Pesquisa feita pelo Ibope E-commerce com internautas brasileiros em 2013, apontou problemas que ainda precisam ser superados pelo setor, principalmente, em relação ao pós venda, já que 55% dos entrevistados já tiveram algum problema comprando produtos pela internet, dentre eles os mais citados foram: atrasos na entrega (62%); produto defeituoso (41%) e propaganda enganosa (23%). Em sua visão as empresas de e-commerce estão estruturando ações estratégicas para atender as demandas do pós venda? O que é preciso aprimorar para que essa insatisfação seja amenizada?
Victor Raful: O e-commerce no Brasil cresce a taxas altas por ano, mas se formos ver, é algo ainda novo e poucos realmente trabalham bem com essa solução. Apenas alguns e-commerces representam uma grande porcentagem das vendas online no país. E o próprio mercado representa menos de 5% das vendas de varejo total, ou seja, há muito o que evoluir. Segundo: o e-commerce, muitas vezes, não depende somente dele para atender o consumidor, pois há o parceiro logístico, o atendimento terceirizado, a propaganda feita fora da empresa e por aí vai. E isso pode provocar algum tipo de serviço ruim, que claro, será responsabilidade de quem vende. Terceiro: após a implantação de muitos e-commerces ao longo da última década, o e-commerce evolui agora para a experiência do usuário. Ou seja, aprimorar essa experiência com a marca no mundo online, facilitando ao máximo a compra pelo consumidor, oferecendo a conveniência prometida, o melhor atendimento, a melhor entrega e o melhor pós-venda. Esse trabalho de lapidação é complexo e demorado, pois a estratégia tem que ser traçada para um consumidor ter a sua experiência sem nem um contato humano. Quarto: como em qualquer negócio, haverá reclamações sempre, ainda mais em tempos de “direito do consumidor” e redes sociais.
Implantando Marketing: A mesma pesquisa destacou ainda a insegurança por não poder ver e experimentar o produto antes da compra (84%) e o medo de não receber os produtos (56%) como principais motivos de desconfiança por quem ainda não é um consumidor digital. Quais as estratégias você acredita que precisam ser desenvolvidas ou aprimoradas para conquistar esse público?
Victor Raful: Neste tópico, temos que considerar a questão da cultura de compra online. É questão de tempo para que, após a primeira compra, o cliente comece a se inserir nesse contexto e só evolua. Mais de 80% das pessoas que compram online, se dizem confiantes. Quanto a receber os produtos, a questão é saber quais empresas tem uma boa credibilidade no mercado online, identificando por algumas estratégias o site e fazer uma carteira de empresas que o atendem bem em cada segmento e analisar as políticas do negócio online. E não acredite em milagres na hora da compra, desconfie.
Implantando Marketing: Como profissional especializado na área de Estratégia e Inovação em E-commerce e Projetos Digitais o que você observa atualmente como principais carências e potencialidades ainda pouco exploradas pelos profissionais que atuam nesse setor? O que falta em termos de qualificação?
Victor Raful: O mercado ainda é novo e muitas vezes os profissionais que ocupam cargos no e-commerce, vêm de outras áreas. Hoje ainda conta muito a experiência do dia a dia. Mas já existem boas escolas e cursos para ingressar no mercado e uma futura “faculdade de e-commerce” está sendo pensada. Para cargos de especialistas, existe um bom conhecimento. Para cargos mais gerenciais, temos ainda, na minha opinião, que evoluir mais.
Implantando Marketing: Em outubro de 2013 o LinkedIn alcançou a marca de 238 milhões de usuários no mundo,15 milhões apenas no Brasil, que ocupa atualmente, o 3º lugar entre os países com mais contas, atrás apenas da Índia e EUA. Em um universo de milhões de contas, o seu perfil no LinkedIn esteve entre os top 1% de perfis mais vistos em 2012. A que você atribui este destaque?
Victor Raful: Quando ingressei no LinkedIn, ele ainda não tinha chegado ao “boom” que atingiu a partir de 2013. Senti que era um lugar em que me sentia bem, tinha interesse e tinha muito potencial. Sempre pensei que nós somos também uma marca, talvez a maior de todas e com isso temos que trabalhar ela. No LinkedIn, ingressei no Implantando Marketing e comecei a fomentar assuntos e discussões pelos grupos de interesse e com pessoas, propagando assim a minha amplitude na rede. Hoje, com certeza o ambiente está bem mais competitivo e com grandes nomes atuando.
Implantando Marketing: O LinkedIn é uma rede que pode impulsionar a carreira de qualquer profissional. Mas, muitas vezes é utilizada pelos usuários, apenas como uma forma de disponibilizar o currículo no meio digital. Em sua opinião o que deve ser feito pelos profissionais para que possam interagir mais nesta rede e obterem melhores resultados junto às suas conexões?
Victor Raful: Primeiro é ter o seu perfil o mais completo possível, considere você uma marca. Segundo, dedique um tempo para interagir em grupos de interesse, converse, troque ideias. Imagine que tem mais de 10 milhões de pessoas nessa rede que talvez queira saber coisas que você tem a resposta ou vice-versa. As janelas da oportunidade podem ser infinitas e o que você tem a perder?
Implantando Marketing: Conte um pouco sobre sua experiência como criador da Futemania, primeira startup especializada em futebol do país, considerada pela Nike como a principal Concept Store do Futebol e loja de experiências do Brasil. Como surgiu essa ideia e quais foram os resultados de uma ação tão empreendedora para o seu amadurecimento profissional e pessoal?
Victor Raful: A partir de uma pesquisa de negócio, observei que, no país onde o futebol é paixão nacional, não existia uma “casa” para ele. Com isso, me apoiei em três pilares: moda (futebol há muito tempo deixou de ser só uma camisa lisa e calção), prática (para praticar o esporte a pessoa tem que se equipar) e paixão (pois o futebol vai além dos produtos). A partir desse conceito, consegui criar uma loja de 300m², em bairro nobre de São Paulo, totalmente temática (com mini-campo, fliperama, mobiliário personalizado, produtos por segmento, etc) que tinha como conceito ser um local de experiência e a venda como consequência. Tempos depois, esse conceito virou tendência e grandes lojas esportivas passaram a ter também locais próprios para o futebol. A Futemania apresentava outros diferenciais, além de oferecer produtos que outras lojas não possuíam como: linhas exclusivas e maior portfólio, personalização de números e nome em camisas e uniformes, além de termos desenvolvido de forma pioneira, a personalização de chuteiras com tecnologia termo-transfer. A partir do segundo ano, implantamos o e-commerce, o primeiro em plataforma magento esportivo do país.
Implantando Marketing: Como conheceu o projeto Implantando Marketing e o que o motivou a integrar a equipe do núcleo LinkedIn?
Victor Raful: Como apaixonado pelos conceitos de marketing, achei nos grupos de interesse o Implantando Marketing. Resolvi aderir a causa e assim estou completando dois anos e meio no grupo. Fazer parte do núcleo LinkedIn foi consequência da minha afinidade com a ferramenta.
Implantando Marketing: De que forma o blog do projeto tem contribuído para o seu aprimoramento profissional e pessoal?
Victor Raful: Encaro o Implantando Marketing como um projeto paralelo em que posso defender uma causa, expressar a minha opinião, conhecer pessoas e receber conhecimento. O aprimoramento de ideias só evoluem se compartilharmos.
Veja um resumo dos principais dados da pesquisa sobre o Comércio Eletrônico no Brasil no infográfico.
Mateus Rosa
Victor em primeiro lugar gostaria de te dar parabéns pela entrevista e dizer que gostei bastante das suas considerações e dicas que dividisse. Quero dizer que é um prazer poder trabalhar com você no IMKT e aprender com um profissional tão genial que és. Obrigado por compartilhar seus conhecimentos e sua trajetória de forma tão criativa e particular sua. Grande abraço
Priscila Stuani
Parabéns pela entrevista, aos dois!
Eu acompanho desde sempre o trabalho do Victor pelo grupo do IMKT no grupo do Linkedin e dá para perceber que ele entende bem da coisa!
Sucesso!