Uma das competências mais exigidas dos profissionais na atualidade é a capacidade de trabalhar em equipe. E não é para menos! Se antes era necessário desenvolver essa habilidade simplesmente para conviver em harmonia, hoje trata-se de uma necessidade para gerar inovação ou, nem que seja, diferenciais competitivos essenciais para a estratégia dos negócios. Por isso é comum ouvir em entrevistas de emprego: você sabe trabalhar em equipe?
O mundo mudou. Antigamente, nossos ciclos de vida de produtos levavam anos para transitar entre a fase de introdução e declínio, se mantendo um bom tempo em crescimento e um maior ainda em maturidade. Hoje, isso não é mais verdade. Em questão de um ou dois anos já é possível ver uma solução ganhar o mundo e ser sepultada. No post sobre inovação em mercados consolidados comento sobre a importância de matar seu produto antes que o mercado faça isso por você. Mas, isso só é uma alternativa para quem está disposto a abrir mão de suas convicções para encarar o novo.
E aí entra o trabalho em equipe. Uma pessoa, sozinha, pode ser criativa e ter ideias bem bacanas. No entanto, para gerar inovação é preciso mais. É preciso unir pessoas com diferentes conhecimentos e habilidades para gerar algo novo, que seja capaz de gerar valor, resultando em alguma forma de lucro. Isso em um momento em que todos almejam ser inovadores e se esforçam para alcançar esse objetivo. Logo, a capacidade de inovar de uma empresa passou a ser uma exigência para sua manutenção no mercado.
Mas o ponto-chave da nossa questão é que para gerar essa tal de inovação é preciso que as pessoas realmente estejam mobilizadas para identificar um determinado problema e propor a sua solução, criando colaborativamente. Isso implica, obrigatoriamente, em abrir mão da vaidade da autoria de uma ideia, por mais brilhante que ela pareça, para que os outros possam lapidá-la, transformando-a em algo diferente, que pode ser muito melhor, mas que tira o mérito individual. Não é tarefa fácil. Esse é um exercício de desapego enorme, que mexe muito com uma das partes mais sensíveis das pessoas: o ego.
Uma ótima forma de praticar o desapego das ideias é participar de grupos voluntários, como o próprio Implantando Marketing, por exemplo. Em uma situação dessas, cada um tem seus interesses pessoais, mas acima deles está o interesse do coletivo. E quem quiser permanecer no grupo, deve ser capaz de vestir a capa da humildade e aceitar que cada um é um elemento essencial para que haja a evolução do todo. E que não existe minha ideia ou sua ideia. Existe a ideia do grupo.
Dentro das empresas a situação pode ser um pouco mais difícil. Outro dia, uma profissional veio conversar comigo e contou que estava tendo problemas na empresa onde assumiria um cargo de analista. A colega que deveria passar as atividades para ela sonegava informações, com medo que a novata se destacasse no trabalho. Talvez essa (a que negava compartilhar conhecimento) até fosse uma boa profissional, mas dessa forma, pouco geraria de valor para a empresa, pois estava limitando a mesma ao seu conhecimento. Muito maior seria o resultado se ambas compartilhassem tudo o que sabem, uma com a outra, para pensarem juntas em algo maior – e certamente, melhor. Vejo o mesmo ocorrer quando pessoas de diferentes áreas de uma empresa precisam trabalhar em equipe. Muitas vezes até cumprem a tarefa, mas com receio de que o colega se destaque.
No fim das contas, o resultado ótimo só vai ser obtido quando todos se entregarem de corpo e alma e se permitirem compartilhar seu conhecimento de peito aberto, para que os outros possam evoluir gerando um resultado coletivo ao qual nunca se chegaria trabalhando sozinho. Somente quando houver essa conexão, uma equipe poderá virar um time e alcançar esse nível de maturidade, tornando possível a busca pela inovação.
Agora pergunto novamente: você realmente sabe trabalhar em equipe?
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”
Cora Coralina